Moradores de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, têm notado um crescimento significativo no número de usuários de drogas na região desde que a Cracolândia, no centro da cidade, foi dispersada em maio. Áreas que antes eram tranquilas e desocupadas, como um terreno próximo ao córrego Antonico, passaram a abrigar barracos improvisados onde ocorre o consumo de crack e outras substâncias.
Esse movimento trouxe usuários de diferentes bairros, incluindo o centro e Osasco, que procuram locais para consumir drogas. Entre eles está Jefferson Silva, conhecido como Gege, que relata ter abandonado seu trabalho e até a família devido ao vício em uma droga sintética chamada K9, que possui efeito mais potente que a maconha.
Além do córrego Antonico, outra área atrás do parque Paraisópolis também virou ponto de concentração de dependentes químicos. Nessas regiões, barracos feitos com materiais reciclados dividem espaço com lixo acumulado e esgoto a céu aberto, agravando as condições de moradia e saúde.
Especialistas destacam que a dispersão da Cracolândia não eliminou o problema, apenas deslocou os usuários para outras áreas, espalhando o desafio por diferentes regiões da cidade. A população local está preocupada com o aumento da criminalidade e a presença cada vez maior de usuários em locais que antes eram relativamente tranquilos.
Diante disso, a comunidade de Paraisópolis pede maior atenção das autoridades, solicitando ações integradas que vão além da repressão ao tráfico. Eles reivindicam políticas públicas focadas em saúde, educação e assistência social para lidar de forma efetiva com a dependência química e seus impactos na região.