As tentativas de estabelecer um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia avançam lentamente, mesmo com os esforços de mediação internacional. As conversas têm ocorrido em locais como a Turquia, envolvendo representantes dos dois países e também dos Estados Unidos, que demonstram interesse direto no resultado do conflito.
A Ucrânia tem insistido em garantias de segurança mais firmes do que as estabelecidas no Memorando de Budapeste de 1994. Entre as propostas, está um compromisso semelhante ao Artigo 5 da OTAN, no qual países aliados devem responder coletivamente a qualquer ataque armado.
Por outro lado, a Rússia condiciona qualquer avanço a exigências consideradas inaceitáveis por Kiev. Entre elas estão a renúncia ucraniana à entrada na OTAN e a retirada total das tropas ucranianas das regiões de Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson, áreas que Moscou já reivindica como parte de seu território.
Os Estados Unidos também estão diretamente envolvidos no processo, principalmente por interesses estratégicos. O ex-presidente Donald Trump, por exemplo, tem pressionado para que empresas americanas tenham acesso às reservas ucranianas de terras raras como forma de compensar o apoio financeiro prestado ao país durante a guerra.
Apesar das conversas, analistas alertam para os riscos de um conflito congelado — ou seja, um cessar-fogo sem resolução real, que apenas permita à Rússia manter os ganhos obtidos até agora. Há ainda o temor de que Moscou utilize estratégias de desinformação para romper futuras trégua, colocando a culpa sobre Kiev.
Outro ponto delicado envolve a possível exigência de concessões territoriais por parte da Ucrânia. Algumas autoridades norte-americanas indicam que um acordo definitivo pode incluir a perda de parte do território ucraniano — algo inaceitável para boa parte da população e da liderança local.
Há ainda obstáculos jurídicos relevantes: reconhecer a soberania russa sobre territórios tomados à força violaria o direito internacional, que proíbe anexações obtidas por meio de guerra. Isso poderia criar precedentes perigosos para outros conflitos ao redor do mundo.
Enquanto a busca por um cessar-fogo se apresenta como uma saída imediata para interromper o sofrimento da população civil, os desafios para alcançar uma paz sólida e duradoura permanecem imensos.
Fontes: CNN Brasil