O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), reagiu com duras críticas à investigação aberta pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) sobre a concessão do Parque Ibirapuera à empresa Urbia. O inquérito, conduzido pelo promotor Silvio Marques, aponta suposta “exploração predatória” e “má gestão” do parque, além da criação de espaços pagos e exclusivos.
Prefeito critica promotor e defende concessão
Segundo o prefeito, o promotor estaria extrapolando suas atribuições ao questionar o modelo de concessão:
“Esse promotor tinha que ser candidato a prefeito e ganhar a eleição para poder governar”, declarou Nunes, defendendo que a população aprova a concessão e que a Prefeitura fiscaliza por meio da Secretaria do Verde e Meio Ambiente.
Nunes afirmou que, em vez de recuar, a Prefeitura pretende ampliar o modelo:
“Vamos fazer mais concessões. Já saturou essa conversa de ficarem perseguindo ações da prefeitura. Não vamos aceitar pressão.”
Investigação do MP aponta privatização de espaço público
De acordo com Silvio Marques, a investigação apura o uso excessivo de espaços do parque por empresas privadas, limitação de acesso ao público geral, realização de eventos que afugentam animais e cobranças consideradas abusivas.
“Estamos acompanhando uma privatização gradual e constante do Parque Ibirapuera. Trata-se de um processo que fere a Constituição e descaracteriza totalmente o espaço público”, disse o promotor.
Casos sob investigação: Casa Nubank e assessorias esportivas
Entre os exemplos citados pela Promotoria:
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Casa Nubank: construída no local onde funcionava uma base da Guarda Civil Metropolitana (GCM), o espaço cobra R$ 150 pela entrada e só atendia clientes Ultravioleta da fintech.
Após parecer da Procuradoria do Município, o atendimento foi ampliado ao público em geral, mas com cobrança mantida. -
Taxas para assessorias esportivas: a Urbia exige pagamento de empresas que prestam serviços no parque, gerando reclamações de exclusão social.
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Shows e festivais: eventos privados estariam limitando o acesso ao parque e prejudicando o habitat dos animais, que têm migrado para bairros vizinhos.
“A criação de espaços reservados ou exclusivos é ilegal. A concessionária está loteando o Ibirapuera, reduzindo o uso comum da população”, escreveu Marques em ofício à Secretaria do Verde.
Reações dos envolvidos
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Prefeitura de São Paulo: informou que fiscaliza o cumprimento do contrato e que os ajustes já foram feitos no caso da Casa Nubank. Reforçou que mantém diálogo com órgãos de controle e está à disposição para esclarecimentos.
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Urbia: afirmou que todos os apontamentos do MP são “infundados”, e que a atuação da empresa tem quase 90% de aprovação entre os frequentadores. Disse ainda que o parque não tem lojas, apenas “pontos de apoio e serviços”.
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Nubank: declarou que não foi notificado formalmente e que segue as regulamentações vigentes.
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Ministério Público: o promotor Silvio Marques preferiu não comentar diretamente as críticas do prefeito, mas disse que Nunes também poderá ser investigado por permitir a descaracterização do parque.