O Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Polícia Federal que investigue suspeitas de crimes financeiros relacionados a empréstimos consignados feitos por servidores públicos no Estado de Mato Grosso. Segundo o MPF, o esquema envolve fraudes como estelionato, falsidade documental e organização criminosa, com prejuízos que ultrapassam R$ 60 milhões, afetando inclusive comunidades indígenas.
No funcionamento do esquema, servidores e beneficiários indígenas teriam sido vítimas de empréstimos feitos por meio de cartões virtuais e contratos fraudulentos, que estabeleciam parcelas e juros abusivos e indefinidos. Em um caso específico, um servidor descobriu que sua dívida ultrapassava em muito o valor inicialmente contratado, sem qualquer clareza sobre o número de parcelas ou contratos formais. Além disso, um ex-servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) teria alterado dados para permitir a contratação irregular de empréstimos consignados em nome de aposentados sem autorização.
As consequências para os servidores são graves, incluindo superendividamento, descontos abusivos nos salários e dificuldades para contestar os débitos, uma vez que os documentos dos contratos não eram disponibilizados. Esses fatores levaram muitos servidores a crises emocionais e dificuldades financeiras, impactando diretamente suas vidas pessoais e familiares.
Além disso, o Sindicato dos Trabalhadores da Funai (Sinpaig) identificou milhares de contratos suspeitos e possíveis conluios bancários, com relatos de intimidações envolvendo agentes públicos. A Assembleia Legislativa de Mato Grosso também investiga a atuação dos bancos envolvidos, com a CPI dos Consignados buscando garantir maior transparência e segurança nas operações.
Agora, o MPF aguarda que a Polícia Federal avance na apuração dos fatos, identificando os responsáveis e adotando as medidas judiciais cabíveis para a reparação dos prejuízos e a responsabilização criminal dos envolvidos. Auditorias e bloqueios de operações suspeitas já estão sendo solicitados para coibir novas fraudes.
Fontes: Ministério Público Federal – Mato Grosso