Nova paralisação e confronto com a polícia
Nesta terça-feira (13), moradores da Favela do Moinho, no Centro de São Paulo, voltaram a protestar contra a demolição de casas na comunidade. O ato resultou na paralisação temporária da Linha 8-Diamante da ViaMobilidade, entre as estações Júlio Prestes e Palmeiras-Barra Funda, pelo segundo dia consecutivo.
De acordo com a concessionária, a interrupção foi causada por ações externas nas imediações da Estação Júlio Prestes. Manifestantes atearam fogo em pneus e pedaços de madeira sobre os trilhos, impedindo a circulação dos trens até as 15h28, quando a operação foi normalizada.
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Por que os moradores estão protestando?
Segundo os manifestantes, o motivo dos protestos é a demolição de casas já desocupadas da favela, o que, segundo eles, ocorre de forma desorganizada e sem diálogo com a comunidade. A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) informou que a presença da Polícia Militar (PM) no local visa garantir a segurança dos servidores durante as ações de demolição.
Posicionamento das autoridades
A Secretaria da Segurança Pública declarou que a PM atua para manter a ordem na região. Um homem foi detido por atirar objetos contra os agentes e o caso está sendo registrado no 2º Distrito Policial. As demolições iniciaram na segunda-feira (12), já sob forte resistência dos moradores.
Até o momento, seis casas desocupadas foram demolidas. A CDHU afirma que 168 famílias já deixaram a comunidade desde o mês passado e estão sendo direcionadas para programas de moradia e auxílio-aluguel.
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Área deve ser transformada em parque
O plano do governo estadual é desocupar totalmente a área da Favela do Moinho e transformá-la em um parque. A área pertence à União, e o governo federal autorizou a descaracterização das moradias vazias, desde que feita de forma cuidadosa para não afetar as casas vizinhas nem as atividades cotidianas da comunidade.
Em nota, a Secretaria do Patrimônio da União declarou que não vê impedimento na ação do governo estadual, desde que sejam respeitados os direitos sociais dos moradores.
Críticas e denúncias de quebra de acordo
O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) criticou duramente a operação em suas redes sociais, acusando o governo estadual de descumprir um acordo feito com os moradores:
“A polícia está agindo de forma violenta e arbitrária. As demolições estão ocorrendo aleatoriamente, colocando em risco as pessoas que ainda vivem na comunidade”, afirmou o parlamentar.
Relembre o protesto de segunda-feira (12)
Na tarde de segunda-feira, moradores já haviam realizado um protesto que afetou a circulação de quatro linhas de trem: 8-Diamante, 7-Rubi, 10-Turquesa e 13-Jade. Pneus e objetos incendiados bloquearam a linha férrea por mais de uma hora, gerando transtornos aos passageiros.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação informou que as casas demolidas estavam desocupadas e apresentavam risco estrutural. A ação foi conduzida em parceria com a Subprefeitura da Sé e a Defesa Civil.
Remoção de famílias começou em abril
O processo de remoção das 820 famílias que vivem na Favela do Moinho teve início em 22 de abril. Apenas no primeiro dia, 11 famílias aceitaram sair da comunidade. O governo justifica a desocupação por questões de segurança, já que a favela está localizada ao lado da linha férrea.
O secretário estadual Marcelo Cardinale Branco explicou que a PM chegou ao local antes dos servidores da CDHU para evitar barricadas e atos de sabotagem, como os registrados em ocasiões anteriores.
“As pessoas que tentam impedir a ação do governo não querem impedir a CDHU, querem impedir outras famílias de aceitarem ajuda e saírem da comunidade”, destacou.