A Polícia Federal cumpriu, nesta terça-feira (13), seis mandados de busca e apreensão nas cidades de Cuiabá e Primavera do Leste (MT) durante mais uma fase da Operação Sisamnes. A investigação apura um esquema de compra e venda de decisões judiciais envolvendo gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A operação é um desdobramento das investigações sobre o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em dezembro de 2023, em Cuiabá, que teria revelado indícios de corrupção no Judiciário.
Ex-presidente da OAB-MT é alvo da operação
Um dos principais alvos desta fase da operação é o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Ussiel Tavares. As identidades dos demais investigados não foram divulgadas.
Em nota, a defesa de Ussiel informou que desconhece os fundamentos do mandado e que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos. A OAB-MT, por sua vez, afirmou que acompanhou a operação para garantir as prerrogativas do investigado e encaminhou o caso ao Tribunal de Ética e Disciplina (TED) para providências internas.
Crimes investigados e medidas judiciais
Os investigados são suspeitos de praticar:
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Corrupção ativa e passiva
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Lavagem de dinheiro
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Evasão de divisas
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Operações ilegais no mercado de câmbio
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Organização criminosa
A Justiça também determinou:
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Bloqueio de aproximadamente R$ 20 milhões em bens e valores
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Apreensão de passaportes
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Proibição de saída do país
Outros cinco mandados foram cumpridos em São Paulo e no Distrito Federal.
Caso Zampieri: Assassinato Revela Esquema Milionário no Judiciário
O assassinato do advogado Roberto Zampieri, de 57 anos, no dia 5 de dezembro de 2023, em Cuiabá, foi o ponto de partida da Operação Sisamnes. O crime ocorreu em frente ao escritório onde ele atuava. Ele foi alvejado com 10 tiros por um homem que aguardava sua saída no local.
Conflito judicial por fazendas milionárias pode ter motivado o crime
As investigações apontam que o mandante seria Aníbal, um produtor rural que disputava duas fazendas avaliadas em R$ 100 milhões, localizadas em Paranatinga (MT), a 411 km da capital. Segundo a Polícia Civil, a suspeita de envolvimento de Zampieri com um desembargador do processo teria motivado o assassinato.
Desembargadores e servidores do TJMT foram afastados
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Em agosto de 2024, mensagens extraídas do celular de Zampieri resultaram no afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, ambos monitorados por tornozeleira eletrônica e com bens bloqueados.
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Já em novembro de 2024, três servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) foram afastados por suspeita de ligação com o esquema de venda de decisões.