Baby do Brasil pede perdão para agressores em culto

A cantora e pastora Baby do Brasil pediu durante um culto evangélico realizado no D-Edge, em São Paulo, que vítimas de abuso sexual perdoassem seus agressores, inclusive em casos envolvendo membros da própria família. “Perdoa tudo o que tiver no seu coração nesse lugar, perdoa. Se teve abuso sexual, perdoa. Se foi na família, perdoa. Se é briga de família, mãe, filho, pai, perdoa”, afirmou Baby durante uma oração.

A fala gerou repercussão nas redes sociais nesta quarta-feira (12), sendo acompanhada pela reportagem do g1. O culto profético, que começou às 19h34 de segunda-feira, reuniu mais de 150 pessoas, incluindo membros já conhecidos e outros curiosos. O evento durou cerca de três horas.

Responsável pelo evento, dono da boate rechaça declaração

Renato Ratier, DJ e dono do barco D-Edge, classificou a fala de Baby do Brasil como “infeliz”. Ele explicou que a cantora havia sido convidada para participar do louvor com um pocket show de rock, mas não para realizar a pregação. “Acho que ela foi infeliz. O que eu entendi é que ela quis dizer para a pessoa não guardar o trauma e perdoar, aliviar esse peso, mas não que a justiça não deva ser feita”, afirmou Ratier, defendendo que casos de abuso sexual devem ser denunciados para que os responsáveis ​​sejam punidos.

Ratier também declarou que, após repercussão negativa, desistiu da ideia de realizar cultos mensais no D-Edge. “Se algum dia eu quiser fazer outro culto, vou procurar outro espaço para não gerar esse tipo de polêmica. Fiz de coração aberto, sem essa intenção”, disse.

O culto na D-Edge

A D-Edge, tradicional casa de música eletrônica de São Paulo, transformou sua pista de dança em um espaço de culto evangélico na segunda-feira, 10. O evento, denominado “Frequência de Deus”, foi idealizado por Ratier, com a participação de Baby do Brasil e dos pastores Pedro e Samuel Santana.

Apesar de ser um ambiente típico de balada, com luzes vibrantes e som alto, a casa recebeu fileiras de cadeiras para acomodação dos participantes. O público era composto principalmente por pessoas na faixa etária de 30 a 40 anos, que se vestiam de maneira casual, mas também mais sofisticada, quebrando estereótipos de fidelidade tradicionais.

Baby do Brasil e a música no culto

Baby do Brasil converteu a parte musical do culto, com um pocket show de rock e toques de reggae. Durante sua apresentação, a cantora relatou que não usava drogas e que carregava o Espírito Santo, além de destacar a luz de Jesus e sua capacidade de curar as trevas. Ela também abordou situações de violência sexual, demonstrando que as vítimas perdoariam seus agressores, mesmo se o abuso tivesse ocorrido dentro da família.

Testemunho do DJ e do pastor

Ratier, que se converteu ao cristianismo há três anos, coincidentemente seu testemunho pessoal durante o evento, falando sobre a difícil experiência com a esposa, que ficou em coma após uma parada cardiorrespiratória, e sua recuperação.

Além disso, o pastor Pedro Santana, conhecido como Pedrinho, tem sua trajetória de vida, revelando ter sido travesti e prostituta nos anos 1980 antes de se converter ao cristianismo. A história foi aplaudida pelo público, que também foi tocada pelo testemunho de outros pastores presentes.

O espaço da D-Edge e a proposta de Ratier

A D-Edge, localizada na Barra Funda, é uma das casas de música eletrônica mais tradicionais de São Paulo. Inaugurado em 2003, foi considerado um dos melhores do mundo pela revista DJ Mag. A casa é conhecida pela sua estética futurista, com iluminação e som de alta qualidade.

Ratier afirmou que decidiu abrir o espaço para o culto com o objetivo de promover a fé e a comunhão, levando a mensagem de Jesus a um público que talvez não frequentasse roupas tradicionais. Ele comparou a atitude de Jesus, que não tinha preconceitos e se dirigia a todas as pessoas, independentemente de sua condição.