Uma pesquisa recente realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, encomendada ao Datafolha, revelou que 91,8% das agressões contra mulheres nos últimos 12 meses ocorreram na presença de terceiros. Com mais de 21 milhões de brasileiras vítimas de algum tipo de violência, o estudo traz dados alarmantes sobre a violência doméstica no Brasil. Dos casos de agressões testemunhadas, 47,3% foram observados por amigos ou conhecidos, 27% pelos filhos e 12,4% por outros parentes.
Samira Bueno, diretora do Fórum, expressou surpresa com o número de agressões ocorridas na presença de pessoas próximas da vítima, enfatizando que isso demonstra como a violência contra as mulheres é naturalizada no contexto social.
O impacto nos filhos, que presenciam a violência, é alarmante. A pesquisa aponta que essa convivência com o intenso conflito dentro de casa pode gerar distúrbios emocionais e comportamentais nas crianças, além de contribuir para a perpetuação da violência nas próximas gerações. As crianças que testemunham violência doméstica têm maior chance de se tornarem vítimas ou agressoras na vida adulta.
O estudo também revela que a violência doméstica no Brasil não se limita às agressões físicas. As mulheres enfrentam uma variedade de formas de abuso, incluindo agressões verbais (31,4%), ameaças de agressão (16,1%), perseguição (16,1%) e abuso sexual (10,7%). Para 3,9% das mulheres, suas fotos e vídeos íntimos foram divulgados sem consentimento.
O levantamento reforça a ideia de que o Brasil ainda é um dos países mais violentos do mundo, com mulheres sofrendo agressões principalmente por parte de parceiros íntimos ou ex-parceiros. A pesquisa destaca ainda o impacto da violência doméstica nas vítimas, com uma grande parte das mulheres não recorrendo aos órgãos oficiais para buscar ajuda, evidenciando a necessidade urgente de políticas públicas de apoio.
Dados principais da pesquisa:
- Violência Física: 16,9% das mulheres sofreram agressões físicas (aproximadamente 8,9 milhões de vítimas).
- Abuso Sexual: 10,7% das mulheres foram forçadas a manter relações sexuais contra sua vontade (5,3 milhões de vítimas).
- Agressões na presença de testemunhas: 91,8% das agressões ocorreram na presença de terceiros, sendo que 47,3% dessas testemunhas eram amigos ou conhecidos.
- Impacto nos filhos: 27% das agressões ocorreram na frente dos filhos, causando sérios impactos emocionais e comportamentais nas crianças.
- Agressão por parceiros íntimos: 40% das agressões foram cometidas por parceiros, companheiros ou namorados.
Além disso, o estudo mostrou que mulheres de diversas faixas etárias e níveis educacionais estão expostas à violência, com particular incidência entre aquelas do ensino fundamental e as mulheres negras.
Reações das vítimas: Uma pesquisa revelou que, em muitos casos, as vítimas não tomaram medidas imediatas contra os agressores. A maioria buscou apoio em familiares (19,2%) ou amigos (15,2%), com apenas 25,7% recorrendo a órgãos oficiais.
Ações para combater a violência: É essencial que mulheres em situação de violência busquem ajuda. Em casos de emergência, o número de telefone é 190, enquanto em situações que não requerem intervenção imediata, as vítimas podem ligar para 180. Organizações como o Mapa do Acolhimento e a ONG Justiceiras oferecem suporte direto a mulheres em situação de violência, incluindo acesso a psicólogos e advogados voluntários.