📌 Inspeção em 26 municípios revela sepulturas evidentes em penitenciárias do estado
Um relatório divulgado pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo de Mato Grosso (GMF-MT) expõe uma série de irregularidades nas unidades prisionais do estado. Entre os problemas apontados estão superlotações, colchões inutilizados, falta de higiene e descaso com a saúde dos detentos.
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O documento, assinado pelo juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto, inclui fotos que mostram a realidade precária do sistema, com detentos amontoados, itens de higiene insuficientes e celas superlotadas. Além disso, são necessárias medidas urgentes para regularizar a situação.
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Principais irregularidades identificadas
📍 Superlotação
- Na Penitenciária Central do Estado (PCE), celas projetadas para 12 detentos abrigam 18 reeducandos.
- Em Tangará da Serra, uma unidade com capacidade para 433 presos abriga atualmente 455 detentos.
- Em Juína, um presídio planejado para 152 presos tem hoje 243 detentos, quase o dobro da capacidade.
- Uma penitenciária feminina, com espaço para 302 mulheres, está com 356 presas, levando à interdição parcial.
📍 Tortura e maus-tratos
- A PCE registrou denúncias de agressões verbais e uso excessivo de armamento não letal.
- Em unidades femininas, a inspeção destaca o uso abusivo de spray de pimenta contra detentas.
📍Falta de higiene e materiais de limpeza
- Escovas de dentes infantis e aparelhos de barbear compartilhados aumentam os riscos à saúde dos presos.
- O fechamento dos “mercadinhos” internos limita ainda mais o acesso a itens básicos de higiene pessoal e limpeza.
- Produtos distribuídos pelo estado são insuficientes e de baixa qualidade, segundo o relatório.
📍 Descaso com a saúde
- Falta de médicos e dentistas nas unidades prisionais.
- Insuficiência de medicamentos e tratamentos.
- Um detento colostomizado no PCE está sem acesso à bolsa de colostomia, sendo solicitado a improvisar com panos.
- Alimentação de baixa qualidade e mal acondicionada.
📍 Má gestão e desperdício de recursos
- Apesar do repasse de R$ 20 milhões em 2020 para modernização do sistema prisional, não houve avanços significativos.
- A inspeção encontrou materiais como colchões e papel higiênico armazenados e sem distribuição para os detentos.
Recomendações do relatório
Diante do cenário crítico, o GMF-MT fez sete recomendações essenciais:
✔️ Regularizar o fornecimento de água, alimentos, higiene e infraestrutura nas unidades.
✔️ Assegurar colchões suficientes para todos os detentos.
✔️ Garantir acesso à assistência médica e odontológica contínua.
✔️ Exigir que a SEJUS/MT e a SESP apresentem contratos de aquisição de materiais, detalhando valores, fornecedores e qualidade.
✔️ Distribua imediatamente os materiais de higiene e limpeza armazenados.
✔️ Regularizar a entrega de medicamentos e materiais odontológicos.
✔️ Criar um plano de ação com prazos para corrigir as falhas apontadas.
O relatório foi elaborado ao Ministério Público (MPMT), à Defensoria Pública, à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) para providências.
E agora?
Com denúncias de notificação e descaso na gestão, o sistema prisional de Mato Grosso enfrentou uma crise sem precedentes. As recomendações serão suficientes para mudar essa realidade?