Em um novo vídeo, Gilmar de Jesus Santos, um preso delator, revelou detalhes sobre um falso atentado a tiros que, durante a campanha eleitoral do ano passado, feriu e quase matou o então prefeito de Taboão da Serra, José Aprigio (Podemos). Ele afirmou: “Eu informei para eles que o fuzil furava blindagem”, referindo-se ao tipo de arma utilizada no ataque.
O g1 e o Fantástico tiveram acesso exclusivo a quase 50 minutos da colaboração premiada que Gilmar prestou à Polícia Civil e ao Ministério Público (MP). Ele contou que foi contratado por Aprigio e seu grupo político para criar uma farsa que beneficiasse a reeleição do prefeito.
Operação Fato Oculto
A delação de Gilmar, junto a outras evidências da investigação, levou à “Operação Fato Oculto”, realizada na semana passada, resultando na prisão de vários envolvidos e buscas em suas residências. As autoridades desmascararam o caso, que inicialmente era tratado como um possível atentado ao prefeito.
Segundo Gilmar, o objetivo do ataque era causar um “susto” que gerasse mídia, com a intenção de que Aprigio pudesse alegar ter sofrido um atentado. O delator afirmou: “O prefeito sabia.” Na época, o programa Fantástico não cobriu o ataque.
Arma e planejamento do ataque
No dia 18 de outubro de 2024, José Aprigio foi atingido de raspão no ombro esquerdo por estilhaços de uma bala de AK-47, uma arma de origem russa. Seis tiros perfuraram a blindagem do carro do político. Gilmar contou que ele e Odair Júnior de Santana dispararam de um fuzil contra o carro blindado onde estavam Aprigio e três pessoas de sua comitiva.
Gilmar detalhou que o plano era criar uma situação de perigo real, embora o objetivo fosse apenas causar um susto. “O prefeito pediu para fazer desse jeito para parecer tipo, um fato real”, disse. Ele também revelou que Aprigio forneceu R$ 85 mil para a compra do fuzil e outros recursos para os intermediários.
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Investigação e consequências
O MP e a polícia investigam 16 pessoas envolvidas na farsa, incluindo três secretários de Aprigio e seu sobrinho. Caso a participação seja confirmada, os envolvidos poderão enfrentar acusações de associação criminosa, tentativa de homicídio, incêndio e adulteração de placas de veículos, com penas que podem chegar a 30 anos de prisão.
Após o ataque, Gilmar e Odair decidiram queimar o carro utilizado na farsa. Gilmar também revelou que o objetivo do grupo era reverter o resultado das urnas a favor de Aprigio. No entanto, ele não foi reeleito nas eleições de 27 de outubro.
Defesa e repercussão
O advogado de Aprigio afirmou que seu cliente é inocente e que as alegações são inverossímeis. Ele destacou que o ex-prefeito, de 73 anos, não teria motivos para colocar sua vida em risco em busca de um cargo.
As defesas de outros envolvidos negaram as acusações e ressaltaram que as investigações se baseiam principalmente na colaboração premiada, sem evidências concretas. As investigações continuam, e as autoridades buscam esclarecer a extensão da farsa.