Dois brasileiros, Phelipe de Moura Ferreira, de 26 anos, e Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, viveram uma experiência angustiante de tráfico humano em Mianmar. Escravizados por uma máfia de golpes cibernéticos, eles passaram meses sob condições desumanas antes de conseguir escapar com a ajuda da ONG “The Exodus Road”.
A Fuga de Phelipe: Uma Última Oportunidade de Vida
Antes de escapar, Phelipe inveja uma mensagem comovente ao seu pai, pedindo orações e se despedindo, caso algo aconteçasse. Ele contornou que estava prestes a atravessar um rio com mais 85 pessoas, correndo por duas milhas em direção à liberdade. “Se acontecer algo comigo, saiba que tentei ao máximo”, escreveu Phelipe em sua última mensagem, que agora é um testemunho da luta pela sobrevivência.
Luckas e Phelipe: Vítimas de Traficantes Cibernéticos
Ambos foram recrutados com promessas falsas de trabalho, sendo levados a Mianmar para aplicar golpes cibernéticos. Em uma região conhecida como KK Park, a dupla foi forçada a viver em condições extremas, sem documentos ou liberdade. Eles foram vítimas de uma rede criminosa internacional, que escraviza imigrantes para golpes online.
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A Operação de Resgate: Da Fuga à Libertação
A fuga de Phelipe e Luckas ocorreu entre a noite de sábado (8) e a madrugada de domingo (9), quando eles conseguiram escapar com a ajuda de outros reféns e se esconderam de seus capturadores. A operação de resgate contou com a intervenção da ONG “The Exodus Road”, que já estava trabalhando com autoridades locais para libertar outros imigrantes.
Após a fuga, eles foram detidos pelo Exército Democrático Karen Budista (DKBA) e levados para um centro de detenção em Mianmar. No dia 12 de fevereiro de 2025, foram transferidas para a Tailândia, onde deverão passar por um procedimento legal de verificação de vítimas de tráfico humano.
Desafios Após o Resgate: Falta de Passaportes e Repatriamento
Embora resgatados, os brasileiros enfrentam desafios em sua jornada para voltar ao Brasil. Ambos ficaram sem passaportes, o que impede que retornem de imediato. O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) está trabalhando com as autoridades competentes para garantir que seus documentos sejam regularizados, permitindo que possam ser repatriados para casa.
Histórias de Dor e Superação
Cleide Viana, mãe de Luckas, acidentalmente seu problema ao saber que seu filho estava vivo e em segurança. Ela relatou que, após aceitar um convite para trabalhar em um cassino nas Filipinas, Luckas acabou sendo atraído por uma falsa proposta de emprego em um albergue na Tailândia, o que o levou a ser sequestrado e forçado a trabalhar para a máfia.
Da mesma forma, Phelipe aceitou uma oferta de trabalho em uma central telefônica em Tailândia, mas logo foi preso e obrigado a aplicar golpes. Ambos conseguiram manter o contato com suas famílias por meios improvisados, quando não estavam sendo monitorados pelos traficantes.
O Impacto do Caos em Mianmar: Um Refúgio para Máfias Internacionais
A guerra civil em Mianmar, que começou em 2021, criou um ambiente de instabilidade que tem permitido a atuação de grupos criminosos. De acordo com a ONU, mais de 120 mil pessoas, de diversas nacionalidades, podem estar sendo mantidas como reféns no país, vítimas de tráfico humano e exploração.
O Papel das ONGs e das Autoridades Brasileiras
A ONG “The Exodus Road” desempenhou um papel crucial na operação de resgate, ajudando Phelipe e Luckas a escapar da rede criminosa. O Itamaraty, por sua vez, tem atuado em estreita colaboração com as autoridades de Mianmar e Tailândia para garantir a liberação dos brasileiros e seu retorno seguro.
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