Rondônia sofreu em 2024 a pior seca de sua história, atingindo mais de 1,5 milhão de pessoas com temperaturas extremas por quatro meses consecutivos. De acordo com dados exclusivos do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as altas temperaturas, que superaram os 40 °C em quase todos os municípios do estado, foram acompanhadas por registros de queimadas e uma queda histórica nos níveis dos rios.
Uma análise, feita com dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revelou que apenas três municípios — Nova Mamoré, Costa Marques e Guajará-Mirim — não atingiram os quatro meses de calor extremo, com a diferença de temperatura sendo mínima. Alto Alegre dos Parecis se destacou com 141 dias de calor extremo, totalizando quase cinco meses de temperaturas acima de 40 °C.
Entre janeiro e agosto de 2024, o estado registrado o maior número de queimadas dos últimos 14 anos, com mais de 10 mil focos identificados pelo Programa BDQueimadas do Inpe. O mês de julho foi o pior em quase duas décadas, intensificando o cenário de seca e dificultando a vida de milhares de ribeirinhos que dependem do rio Madeira para sua sobrevivência.
Pela primeira vez, o rio Madeira atingiu o nível mais baixo já registrado, com 19 centímetros em outubro de 2024. Esse registro histórico fez com que milhares de ribeirinhos enfrentaram a escassez de água, já que a maioria não tem acesso à rede de distribuição e depende do rio e de poços que secaram, transformando o cenário de uma imensa bacia fluvial em um deserto de bancos de areia.
Além do sofrimento das situações mais vulneráveis, a crise ambiental também afetou a qualidade do ar, colocando a capital Porto Velho entre as cidades com os piores índices de qualidade do ar no Brasil devido às queimadas excessivas.
A análise do Cemaden atualmente 5.571 municípios brasileiros, e os dados indicam que 2024 foi um ano atípico, com calor extremo em diversas regiões do país. A metodologia utilizada no levantamento foi baseada no cálculo dos valores limites de temperatura para cada dia do ano, com base em uma série histórica de dados desde o ano 2000.
Esse levantamento evidencia não apenas os desafios enfrentados por Rondônia, mas também os impactos das mudanças climáticas que intensificam características como secas, queimadas e altas temperaturas.