O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou nesta quinta-feira (6) a retirada oficial de seu país da “Nova Rota da Seda”, um ambicioso projeto de infraestrutura da China. Este movimento ocorre após uma crescente pressão de Washington, que questiona a crescente influência chinesa no Canal do Panamá.
Criada em 2013, a Nova Rota da Seda é uma iniciativa econômica trilionária que visa interligar países por meio de obras de infraestrutura, incluindo portos, aeroportos, ferrovias e estradas. O projeto já tem investimentos em 21 países da América Latina, mas o Brasil ainda não aderiu.
Relações EUA-Panamá e a Influência do Canal
A saída do Panamá do projeto chinês não foi uma exigência direta dos Estados Unidos, mas é vista como uma resposta às ameaças de Donald Trump, que sugeriu que o Canal do Panamá poderia estar sob domínio de Pequim. Mulino afirmou que a decisão foi pessoal e tomada sem pressões externas.
“Essa é uma decisão que tomei”, destacou Mulino, rejeitando alegações de que tenha cedido à pressão dos EUA. O governo panamenho segue insistindo que não houve qualquer interferência externa na decisão.
O Impacto da ‘Nova Rota da Seda’ e a Influência Global da China
A Nova Rota da Seda (também conhecida como “Cinturão e Rota”) tem se expandido rapidamente, com a China já presente em 150 países, sendo 53 na África. No entanto, apesar de sua presença significativa na América Latina, a China ainda não conseguiu que o Brasil participasse formalmente do programa, embora tenha pressionado desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
O Itamaraty já declarou que o Brasil tem outras formas de cooperação com a China, o que torna desnecessária a adesão ao programa.
Controvérsias no Canal do Panamá: EUA e Desmentidos
Além da decisão sobre a Nova Rota da Seda, o governo panamenho também se viu no centro de outra disputa com os Estados Unidos. O Departamento de Estado dos EUA alegou que embarcações americanas teriam passe livre pelo Canal do Panamá, uma afirmação prontamente desmentida pelas autoridades panamenhas.
Mulino classificou as alegações do Departamento de Estado como “falsidade absoluta”, pedindo ações mais firmes de sua embaixada em Washington para resolver a situação. “Isso é intolerável”, afirmou o presidente, enfatizando que o Panamá não aceitaria relações bilaterais baseadas em mentiras.
Desdobramentos: O Futuro das Relações Panamá-China-EUA
O cenário geopolítico no Panamá segue tenso, com possíveis implicações para os investimentos e a influência da China na América Latina. A decisão do presidente José Mulino de se distanciar da Nova Rota da Seda deve repercutir nas próximas semanas, especialmente em relação às parcerias econômicas entre o Panamá, os EUA e outras potências internacionais.