O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gerou reações contrastantes nesta quinta-feira (6) após sugerir, em entrevista às rádios da Bahia, que a população poderia ajudar a controlar os preços dos alimentos para evitar comprar produtos considerados caros. Em um contexto de alta na inflação dos alimentos, que registrou 7,69% em 2024, Lula afirmou que a chave para combater a inflação estaria no comportamento do consumidor.
“Se você vai ao supermercado e vê que um produto está caro, não compre. Se todo o mundo fizer isso, os preços vão cair, porque quem vende terá que reduzir o preço para não perder a venda”, afirmou o presidente.
Oposição crítica duramente à declaração
A fala de Lula foi alvo de ironia e críticas ferozes por parte dos parlamentares da oposição. O senador Ciro Nogueira (PP) zombou da ideia, destacando as dificuldades enfrentadas pela população. “Se o arroz está caro, é só não comer. Se o gás está caro, é só não cozinhar. Se a gasolina está cara, é só ficar em casa”, publicou Nogueira, criticando a falta de soluções estruturais do governo.
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) foi ainda mais incisivo, comparando a situação a uma ideia absurda. “No governo Lula, se a comida está cara, ‘não compra’. Se o aluguel está caro, ‘mora na rua’. Se o remédio está caro, ‘morre’. E assim segue o governo do cinismo”, escreveu o parlamentar em suas redes sociais.
O senador Sérgio Moro também se posicionou, lembrando uma promessa de campanha de Lula sobre a redução do preço da carne: “A promessa não era de picanha e cerveja baratas para todos?”, questionou Moro.
Aliados defendem a medida e reiteram compromisso com a redução de preços
Por outro lado, parlamentares da base aliada saíram em defesa de Lula. O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que o governo está comprometido com a redução da inflação e a oferta de alimentos mais acessíveis para a população. “A prioridade é garantir uma alimentação mais barata para todos os brasileiros, com diálogo e ação”, escreveu Guimarães.
O ex-ministro e deputado Paulo Pimenta (PT-RS) reforçou o papel de Lula como um “estadista” e destacou seu compromisso com o povo trabalhador. “Vamos continuar a luta por um Brasil mais justo e próspero para todos”, disse Pimenta.
Impactos da inflação e da visão do governo
Em 2024, a inflação oficial ficou em 4,83%, superando o limite de 4,5%. O grupo de alimentos e bebidas foi o principal responsável pelo aumento, com uma alta de 7,69%, afetando diretamente os preços no mercado.
Lula, em sua defesa, afirmou que a inflação no Brasil está “totalmente controlada”, apesar do aumento significativo dos preços dos alimentos. No entanto, o Banco Central vê o cenário econômico de maneira mais negativa, considerando-o “adverso” devido ao aumento da inflação nos produtos essenciais.
A luta contra a “extorsão” nos preços
Durante a entrevista, Lula criticou os mesmos aumentos de preços associados ao aumento salarial da população. Ele denunciou o que chamou de “extorsão”, afirmando que alguns setores aproveitaram o aumento da massa salarial e do salário mínimo para aumentar os preços sem justificativa. Lula declarou que buscará reuniões com produtores e representantes do setor atacadista para entender melhor os motivos dessa elevação e buscar soluções para controlar os preços.
O que vem a seguir?
Com a inflação afetando diretamente o orçamento dos brasileiros, a proposta de Lula de “educar” o povo sobre preços continua a gerar debates intensos. Enquanto a oposição exige ações concretas e soluções mais eficazes, o governo afirma que o controle da inflação está sendo priorizado.