Fiocruz no epicentro de um confronto entre facções
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma das principais instituições científicas e de saúde do Brasil, foi invadida na quarta-feira (8) por traficantes em fuga, durante uma ação da Polícia Civil no Complexo de Manguinhos, Zona Norte do Rio. O local, cercado por comunidades dominadas por facções criminosas rivais, é um campo de disputas territoriais intensas, com repercussões para os moradores e para a própria instituição.
Manguinhos e Vila do João: territórios sob o domínio de facções
Em Manguinhos, a Fiocruz se encontra sob a influência do Comando Vermelho, uma das facções criminosas mais poderosas do Rio de Janeiro. Já na Vila do João, que faz divisa com a fundação pela Avenida Brasil, o domínio é do Terceiro Comando Puro (TCP), facção rival do CV. Essa proximidade entre diferentes facções torna a região ainda mais vulnerável a confrontos violentos.
O campus da Fiocruz: uma estrutura no meio do conflito
O campus Manguinhos-Maré, onde estão localizadas as principais instalações da Fiocruz, abriga mais de 200 edificações. Entre elas, destacam-se o Biobanco Covid-19, o Centro de Pesquisa, o Museu da Vida e o Complexo Tecnológico de Vacinas. As atividades científicas e educacionais são realizadas em um ambiente cercado pela tensão das disputas entre facções. No entanto, a violência está constantemente à espreita, como evidenciado pelos eventos desta quarta-feira.
Conflito armado e caos no trânsito da Zona Norte
Durante a operação policial, a troca de tiros entre traficantes e policiais gerou caos em importantes vias da Zona Norte, como as avenidas Leopoldo Bulhões e Dom Hélder Câmara. Algumas vias precisaram ser interditadas, e disparos atingiram áreas próximas, como a Cidade da Polícia. Além disso, o transporte público também foi afetado: dez linhas de ônibus municipais tiveram seus itinerários desviados, e um ônibus da linha 711 foi apedrejado pelos criminosos.
Fiocruz denuncia ação policial sem autorização
A Fiocruz criticou a ação da Polícia Civil, que entrou no campus sem autorização e de forma descaracterizada. Um projétil atingiu o prédio da Bio-Manguinhos, causando danos materiais e ferindo uma funcionária. Além disso, a instituição relatou que um supervisor de segurança foi levado de maneira arbitrária para a delegacia, acusado de colaborar com os criminosos. A Fiocruz ressaltou que a operação colocou em risco os trabalhadores e alunos da instituição, que se viram no meio do confronto sem a devida comunicação e autorização.
Posição da Polícia Civil: combate ao crime organizado
A Polícia Civil, por outro lado, afirmou que a operação foi parte da “Operação Torniquete”, visando desarticular o tráfico de drogas e o roubo de cargas praticados pelo Comando Vermelho e pelo Terceiro Comando Puro. Durante a ação, houve confronto armado com traficantes, e algumas apreensões foram feitas, incluindo armas e drogas. Além disso, a polícia informou que dois funcionários da Fiocruz foram levados à delegacia para apuração, suspeitos de ter auxiliado os criminosos.
Desafios para a população carioca e a segurança pública
A violência em Manguinhos e a invasão na Fiocruz revelam a crescente tensão no Rio de Janeiro, com as facções criminosas ampliando seu poder sobre áreas de alta importância estratégica. Além dos danos causados à segurança de trabalhadores e alunos da Fiocruz, a operação gerou impactos diretos no cotidiano dos cariocas, com desvios no transporte público e a sensação de insegurança nas ruas da cidade.
O que dizem as autoridades e o impacto na população
A Rio Ônibus, em comunicado, pediu providências urgentes para garantir a segurança da população, alertando para os transtornos causados pelas interdições nas vias e pelos ataques aos ônibus. A situação mostra que o Rio de Janeiro, mais uma vez, enfrenta desafios imensos no combate à violência e à criminalidade, com impactos diretos na vida de cidadãos e instituições.
Resumo dos impactos da operação:
- Facções dominantes: Comando Vermelho (Manguinhos) e Terceiro Comando Puro (TCP – Vila do João).
- Ação policial: Confronto armado entre policiais e traficantes.
- Danos à Fiocruz: Danos materiais e ferimento de funcionária.
- Transtornos no trânsito: Dez linhas de ônibus desvias e ataque a ônibus.
- Repercussão: Fechamento de vias e apreensões de armas e drogas.
- Reações: Fiocruz critica ação policial sem autorização; Polícia Civil defende operação.