Em decisão polêmica, a Meta anuncia o fim da checagem de fatos em suas plataformas, gerando preocupações sobre o aumento da desinformação nas redes sociais e a crescente vulnerabilidade dos usuários. Especialistas e autoridades reagem à mudança que pode impactar a integridade da informação na internet.
Na última terça-feira, 7 de janeiro de 2025, especialistas em tecnologia alertaram que a Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, ao interromper o sistema de checagem de fatos, abre caminho para o aumento de fake news e discurso de ódio nas plataformas. A medida, que impacta diretamente a veracidade das informações disseminadas, deixa os usuários ainda mais suscetíveis a manipulação digital.
Reação das autoridades brasileiras
Em Brasília, a decisão gerou fortes reações. O secretário de Políticas Digitais do governo federal, João Brant, usou suas redes sociais para criticar a postura da Meta, interpretando-a como um alinhamento da empresa com interesses externos, especialmente com o governo Trump, que busca desafiar a União Europeia e outros países, como o Brasil, que têm se esforçado para proteger os direitos dos cidadãos no ambiente digital.
Embora Mark Zuckerberg, CEO da Meta, não tenha feito menção direta ao Brasil, a crítica ao STF e a seus tribunais foi dura. O presidente do STF chamou a declaração de Zuckerberg de “fortíssima”, destacando o impacto de comentários como a classificação do tribunal como uma “corte secreta” e a desvalorização dos checadores de fatos, acusando-os de “destruir a confiança” do público.
Meta e a resistência à regulação digital global
Segundo João Brant, a decisão da Meta reflete um posicionamento da empresa em não aceitar a soberania de países sobre a regulação do ambiente digital. Para o governo brasileiro, as ações de promoção de integridade de informações, como o julgamento em curso no STF, são fundamentais para garantir um ambiente online mais seguro e confiável.
No fim de 2024, o STF iniciou a análise de um processo crucial que busca responsabilizar as redes sociais por não impedir a propagação de conteúdos falsos, criminosos ou prejudiciais. O julgamento está programado para ser retomado em 2025, com uma série de votos que aumentam a responsabilidade das plataformas digitais, impondo-lhes a obrigação de seguir as leis nacionais.
O impacto na regulação das redes sociais
Jorge Messias, advogado-geral da União, destacou em entrevista ao jornal O Globo a necessidade urgente de um novo marco regulatório para as redes sociais no Brasil. Ele advertiu que a disseminação de fake news e discursos de ódio já representam desafios significativos no ecossistema digital. A decisão da Meta só torna mais evidente a urgência da criação de uma legislação mais rigorosa para lidar com essas questões.
A visão dos jornalistas sobre o futuro das plataformas digitais
Pedro Dória, jornalista especializado em tecnologia, compartilhou suas preocupações sobre o futuro das redes sociais após essa decisão. Para ele, a Meta caminha para um ambiente digital mais caótico, similar ao que foi observado em outras plataformas como o X, antes conhecido como Twitter.
“Sem a checagem de fatos, teremos uma rede mais tóxica, repleta de desinformação e debates inflamados. O impacto será visível: mais raiva, mais fake news, e uma qualidade do debate público em declínio. Zuckerberg está afirmando que não se preocupará mais com a veracidade das informações. Esse é o grande problema: a democracia depende da verdade no debate público”, explicou Dória.
O futuro da democracia digital
A decisão da Meta levanta questões sobre a integridade da informação e o papel das plataformas digitais na construção de uma sociedade bem-informada. Em um momento em que as redes sociais se tornaram o principal meio de comunicação e interação, o impacto de medidas como essa é sentido diretamente pelo público, que se vê cada vez mais vulnerável à manipulação de informações. O futuro do debate público e da democracia digital depende da atuação efetiva dos governos e da regulação das empresas de tecnologia para garantir a proteção dos direitos dos usuários e a integridade das informações online.