As Lapas: Moradia Tradicional na Serra do Espinhaço
Uma reportagem revelada como as “casas de pedra”, ou lapas, se tornam o lar temporário de agricultores na Cordilheira do Espinhaço, em Minas Gerais. Esses apanhadores de flores sempre-vivas vivem em constante mudança, adaptando-se ao ciclo das flores e à natureza do terreno.
O Ciclo de Vida dos Apanhadores de Sempre-Viva
Todo ano, no início das floradas, centenas de famílias se mudam para as lapas, localizadas no alto das montanhas. Eles levam com eles tudo o que precisa para a temporada de coleta: alimentos, roupas e os instrumentos de trabalho. As lapas são passadas de geração em geração, criando um vínculo com a terra que se perpetua.
- Transumância: O processo de migração sazonal das famílias para a montanha é conhecido como transumância e é reconhecido pela Organização das Nações Unidas como um patrimônio agrícola mundial.
Como São as Casas de Pedra?
As lapas possuem uma estrutura simples e funcional. Elas estão equipadas com:
- Fogão a lenha
- Dispensa para armazenamento de alimentos
- Barracas e camas (chamadas de “jirau”)
As camas são compostas por toras de madeira, um colchão e colchões, proporcionando o mínimo de conforto durante os meses de coleta.
A Coleta de Sempre-Vivas: Renda Essencial para a Comunidade
A coleta das flores sempre vivas é uma fonte de renda vital para as famílias. Mais de duzentas toneladas de sempre-vivas são exportadas anualmente, com algumas espécies transformadas em itens artesanais como vasos, chapéus e bolsas. Este mercado é uma parte significativa da economia local, complementada pela criação de animais e cultivo de alimentos.
Desafios e Tradições na Serra do Espinhaço
Apesar das dificuldades enfrentadas, como o constante sobe e desce das montanhas, as famílias continuam com o trabalho e a tradição. A prática de coleta das flores, preservada por crianças e adolescentes, se mantém como um elo vital entre o passado e o futuro da região.
- Capim Dourado e Artesanato: Além das sempre vivas, o capim dourado também é uma planta valorizada na região e usada na confecção de produtos artesanais.
A transumância e as “casas de pedra” da Cordilheira do Espinhaço representam não apenas um modo de vida singular, mas também uma rica tradição que é preservada e transmitida entre gerações. As famílias da região demonstram uma profunda conexão com a terra, trabalhando de forma sustentável e garantindo a sobrevivência de suas comunidades.