O Brasil e o Brics: Um Novo Capítulo em 2025
A partir de hoje, o Brasil toma as rédeas da presidência do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), um bloco de crescente relevância nas decisões econômicas e políticas globais. Este movimento de liderança é um marco importante para o país, que busca não só fortalecer sua posição internacional, mas também aprofundar suas relações com as economias emergentes e fomentar uma agenda de desenvolvimento sustentável, inovação tecnológica e cooperação entre os países do Sul Global.
A presidência do Brics é rotativa e dura um ano. O Brasil assumiria inicialmente em 2024, mas devido à presidência do G20 no mesmo período, o país optou por adiar sua presidência para 2025. A presidência será uma plataforma para impulsionar mudanças e debates em várias frentes estratégicas.
Prioridades da Presidência Brasileira no Brics: Foco em Sustentabilidade e Inovação
O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, delineou cinco principais áreas de atuação para o ano de 2025:
- Facilitação do Comércio e Investimentos entre os Países do Brics
O Brasil buscará novos meios de pagamento para facilitar o comércio entre os membros do bloco, visando reduzir a dependência do dólar norte-americano e explorar novas formas de transações financeiras mais seguras e eficientes. O desenvolvimento de uma moeda alternativa para transações intra-bloco também está sendo discutido, a fim de minimizar o impacto das flutuações da moeda global. - Promoção da Governança Inclusiva e Responsável da Inteligência Artificial (IA)
A Inteligência Artificial é um tema crucial para o futuro, e o Brasil tem se posicionado como líder em questões éticas e responsáveis sobre o uso da IA. A presidência brasileira buscará estabelecer normas globais para garantir que os benefícios da IA sejam distribuídos de forma justa e acessível, priorizando a inclusão digital, educação tecnológica e regulação responsável. - Aprimoramento das Estruturas de Financiamento para Enfrentar as Mudanças Climáticas
Considerando sua vasta biodiversidade e posição estratégica, o Brasil irá liderar as discussões sobre financiamento climático para ajudar países do Sul Global a enfrentar os efeitos adversos das mudanças climáticas, como eventos climáticos extremos, desertificação e perda de biodiversidade. O Brasil irá promover parcerias financeiras e projetos de tecnologias verdes, com foco em energia renovável e infraestrutura sustentável. - Fomento à Cooperação em Saúde Pública
Em um cenário pós-pandemia, a cooperação em saúde pública será uma das prioridades do Brasil. O Brasil buscará aumentar a cooperação em saúde com países do Sul Global, abordando doenças transmissíveis, vacinação universal e prevenção de futuras pandemias, aproveitando sua experiência com o SUS e modelos de assistência à saúde pública. - Fortalecimento Institucional do Bloco Brics
O fortalecimento das instituições do Brics será essencial para garantir que o bloco tenha uma estratégia coordenada e eficaz em suas negociações com potências globais. O Brasil buscará melhorar a governança interna do bloco, implementando mudanças que tornem a estrutura mais ágil e eficiente em suas ações no cenário internacional.
O Brasil Como Líder em um Bloco Diversificado
O Brics, composto por países com diferentes sistemas políticos, economias e culturas, é um exemplo de diversidade estratégica. Com a presidência do Brasil, o bloco tem a chance de dar um passo importante para aumentar sua influência em questões globais de desenvolvimento sustentável, tecnologia e segurança global. O Brasil, com sua experiência em questões ambientais, sociais e de saúde, terá um papel crucial em articular essas demandas.
O governo brasileiro planeja organizar mais de 100 reuniões entre fevereiro e julho de 2025 para discutir as prioridades da presidência. Essas reuniões ocorrerão em Brasília e envolverão representantes de todos os países membros, culminando na Cúpula do Brics, programada para julho, no Rio de Janeiro, onde os líderes discutirão as ações concretas a serem tomadas durante o ano.
A Ameaça das Tarifas: A Controvérsia sobre o Uso do Dólar
Um dos tópicos polêmicos dentro do Brics é a dependência do dólar norte-americano nas transações comerciais. O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, tem ameaçado aplicar tarifas de 100% sobre produtos dos países do Brics caso eles substituam o dólar em suas transações. Isso reflete a fragilidade da dependência do dólar, cujas flutuações podem impactar gravemente as economias de países em desenvolvimento.
Expansão do Brics: A Entrada de Novos Membros e a Geopolítica Global
Desde sua criação, o Brics tem se expandido e se fortalecido. Em 2023, o bloco aprovou a entrada de novos países, como Irã, Egito e Etiópia. A Argentina também estava entre os possíveis novos membros, mas retirou-se após a chegada de Javier Milei ao poder.
A expansão do Brics também inclui a criação de uma categoria de “países parceiros”, com um status inferior ao dos membros efetivos, mas com a possibilidade de participar das cúpulas e reuniões. Países como Cuba, Turquia, Tailândia, Nigéria e Argélia agora fazem parte dessa categoria, ampliando ainda mais a influência global do bloco.
Especialistas em relações internacionais apontam que a expansão do Brics é, em grande parte, uma resposta à crescente influência da China e da Rússia, que utilizam o bloco como uma plataforma para contestar a hegemonia do Ocidente e expandir sua própria zona de influência. A disputa pela hegemonia global e esferas de influência está no centro das discussões sobre o futuro do Brics.
O Brics Como um Agente de Transformação Global
Com a presidência do Brasil, o Brics tem a oportunidade de se consolidar como um bloco protagonista na luta contra as mudanças climáticas, na promoção de novas tecnologias e no fortalecimento do comércio entre países do Sul Global. O país tem se comprometido a tornar o Brics um bloco mais coeso e eficaz nas questões internacionais, com foco em sustentabilidade, inclusão social e desenvolvimento econômico justo.
O Brasil, ao liderar o Brics em 2025, está se posicionando como uma potência global emergente, capaz de liderar a transformação das relações econômicas e políticas do século XXI. O futuro do Brics será decisivo para moldar uma nova ordem mundial, mais equilibrada e justa, com ênfase em um futuro sustentável para as próximas gerações.
Por que o Brasil e o Brics São Cruciais para o Futuro da Geopolítica?
Em um cenário de disputa geopolítica crescente e desafios globais, o Brics, sob a liderança do Brasil, será fundamental para o avanço de uma agenda inclusiva e de desenvolvimento sustentável. Se você está interessado em entender os próximos passos para a transformação global, é essencial acompanhar as ações e decisões do Brasil à frente do Brics.