Na última segunda-feira (23), o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizada na BR-226, entre os estados do Maranhão e Tocantins, provocou a queda de vários veículos no Rio Tocantins. Entre esses veículos, três caminhões foram carregados com substâncias químicas caídas nas águas, incluindo 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas. A situação gerou grande preocupação quanto ao risco de vazamento e contaminação ambiental, mas, até o momento, as autoridades garantem que os tanques estão intactos e o risco de contaminação é mínimo.
1. Condições dos Tanques e Risco de Vazamento
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), por meio do supervisor de Emergência Ambiental, Caco Graça, informou que os tanques dos três caminhões, que transportavam produtos químicos, permaneciam em boas condições. Uma análise foi realizada por meio de sonar da Marinha e equipes técnicas da Sema, que confirmaram que não houve vazamento da carga.
- Substâncias transportadas:
- 76 toneladas de ácido sulfúrico
- 22 milhões de litros de defensivos agrícolas
Graça enfatizou que o pior cenário possível seria o vazamento da carga durante a queda, mas, felizmente, isso não aconteceu. Além disso, o monitoramento realizado pela Agência Nacional de Águas (ANA) confirmou que a água do Rio Tocantins está livre de contaminação, o que permitiu a retirada da captação de água para abastecimento da cidade de Imperatriz, no Maranhão.
2. Riscos para o Meio Ambiente e Ações Preventivas
Embora o risco de vazamento e contaminação ambiental seja considerado mínimo, as autoridades continuam monitorando a situação de perto. Caco Graça alertou que, durante a remoção do material contaminante, é possível que uma quantidade muito pequena de substâncias químicas entre em contato com a água. No entanto, ele garantiu que isso não representa risco significativo para a saúde humana ou para o meio ambiente.
- Possíveis impactos no meio ambiente:
- Alteração do pH da água, com possível morte da biota local
- Embora haja risco de contaminação local, a diluição no ambiente diminui os impactos
- A Sema continua monitorando o pH da água como principal indicador de possíveis vazamentos
As autoridades recomendam que as pessoas evitem o contato com qualquer material presente nas imediações do Rio Tocantins, especialmente com as embalagens de 20 litros contendo herbicidas, para prevenir riscos de contaminação.
3. Retirada do Material Contaminante: Um Processo Delicado
Após a conclusão do período de busca pelas vítimas, a Secretaria de Meio Ambiente irá implementar um plano específico para a retirada do material químico do fundo do rio. A estratégia prevê a remoção das substâncias antes de retirar os caminhões e outros veículos do local.
- Etapas do plano de retirada:
- Fase 1: Remoção do material químico
- Fase 2: Retirada dos caminhões e veículos do fundo do rio
- Equipes especializadas já estão no local, com o apoio de duas empresas responsáveis pelas operações
4. As Vítimas e o Protocolo de Busca
Até o momento, a operação de busca e resgate já localizou 6 vítimas fatais, com 11 pessoas ainda desaparecidas. O Corpo de Bombeiros, juntamente com equipes da Marinha do Brasil, segue buscando no leito do rio, apesar das dificuldades impostas pelas características do local. A visibilidade no fundo do rio é baixo, a correnteza é forte e a profundidade chega a 50 metros, tornando o trabalho dos mergulhadores ainda mais desafiador.
- Vítimas identificadas:
- Anísio Padilha Soares (43 anos)
- Silvana dos Santos Rocha Soares (53 anos)
- Lorranny Sidrone de Jesus (11 anos)
- Kécio Francisco Santos Lopes (42 anos)
- Andreia Maria de Souza (45 anos)
- Lorena Ribeiro Rodrigues (25 anos)
Em um dos casos, um homem de 36 anos foi encontrado com vida e levado ao hospital de Estreito.
5. Histórico da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira
A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que fazia a ligação entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), foi construída na década de 1960 e passou por reparos significativos em 1998. Apesar disso, sua estrutura vinha apresentando sinais de trânsito. A falta de manutenção adequada nos últimos anos gerou preocupações, e um vídeo postado por um morador no sábado (21) alertou para rachaduras visíveis na ponte, evidenciando a necessidade urgente de reparos.
- Características da ponte:
- Construção: 1960
- Comprimento: 533 metros
- Importância: Integra o corredor rodoviário Belém-Brasília
- Interdição: Total, com desvio recomendado pelas autoridades
A causa do colapso ainda está sendo investigada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A recomendação do DNIT para os motoristas é seguir por rotas alternativas enquanto as investigações são concluídas.
6. Impacto Regional e Medidas Emergenciais
Com a interdição da ponte e a queda dos trânsitos no Rio Tocantins, várias medidas emergenciais foram adotadas para minimizar os impactos na região. Os governos estadual e federal estão trabalhando juntos para garantir a segurança das comunidades locais e a mitigação dos danos ambientais. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou solidariedade às vítimas e anunciou que o governo prestaria toda a ajuda necessária nas operações de resgate e na apuração das causas do desabamento.
Rotas alternativas recomendadas:
- Para motoristas em Tocantins:
- Acesso pela estrada de Darcinópolis/TO até Luzinópolis/TO
- Continuação pela BR-230/TO até o km 101 em São Bento/TO, e depois para Axixá/TO e Imperatriz/MA
- Para motoristas no Maranhão:
- Acesso pela BR-226/MA em Estreito/MA até Porto Franco/MA
- De Porto Franco/MA, seguir pela BR-010/MA até Imperatriz/MA
7. Próximos Passos e Monitoramento
A equipe técnica da Sema, juntamente com outras autoridades ambientais, continuará monitorando a situação no local. O processo de remoção de materiais químicos será cuidadosamente planejado para minimizar os riscos de contaminação adicional. O trabalho das equipes de resgate e da Marinha também segue com a prioridade de localizar as vítimas restantes.
À medida que as autoridades continuam pedindo à população que evite se aproximar da área, pois a situação permanece instável e qualquer contato com os produtos químicos pode ser perigoso. A comunidade também foi orientada a notificar qualquer presença de material químico nos arredores do Rio Tocantins para que as autoridades possam agir prontamente.
A queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira trouxe grandes desafios para as autoridades ambientais e de resgate. Embora o risco de vazamento e contaminação seja mínimo, as medidas preventivas e de monitoramento continuam sendo a prioridade. A remoção de materiais químicos e o resgate das vítimas seguem como tarefas urgentes, com equipes especializadas trabalhando em conjunto para garantir a segurança da população e a preservação do meio ambiente.