Prisões e Resultados da Operação
Entre os dias 18 e 20 de dezembro de 2024, uma operação coordenada pela Polícia Federal descobriu a prisão de sete pessoas suspeitas de envolvimento em atividades de garimpo ilegais na Terra Indígena Sararé, localizada em Mato Grosso. A ação, que envolveu diversas forças de segurança, teve como objetivo desmantelar redes criminosas responsáveis pela eliminação ilegal de ouro e pela devastação ambiental na região.
A Terra Indígena Sararé, que se estende pelos municípios de Conquista D’Oeste, Nova Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade, tem sido alvo de uma exploração crescente ilegal de ouro, afetando tanto o meio ambiente quanto as comunidades indígenas locais.
Motivos e Início da Investigação
A investigação foi iniciada após uma solicitação formal da Fundação Nacional do Índio (Funai), que denunciou a presença de centenas de garimpeiros ilegais no território, explorando recursos naturais sem autorização. Essa prática criminosa é responsável por uma série de danos ecológicos e sociais, além de violar os direitos das comunidades indígenas que habitam a região.
A Polícia Federal, com apoio de outras instituições, intensificou as investigações e deflagrou a operação para coibir essas atividades ilegais, buscando não apenas prender os responsáveis pela exclusão ilegal, mas também identificar e responsabilizar os financiadores da operação.
Desdobramentos da Ação Policial: Apreensões e Descobertas
A operação foi realizada em apreensões profundas e descobertas importantes, que ilustram a complexidade e a sofisticação do garimpo ilegal. Dentre os itens apreendidos estão:
- 163 gramas de ouro, extraídos ilegalmente da terra indígena;
- Três armas de fogo, provavelmente utilizadas para proteção de garimpeiros e equipamentos;
- Uma motosserra, ferramenta usada para o corte ilegal de árvores e abertura de caminhos para escavações;
- Um motor estacionário, utilizado para fornecer energia em locais remotos.
Além disso, uma escavação subterrânea foi descoberta, um túnel que serviu para esconder escavadeiras pesadas, essencial para a extração de grandes volumes de terra e ouro. Esse túnel foi identificado como uma estratégia local para ocultar os equipamentos pesados, dificultando a detecção por parte das autoridades.
Impacto Ambiental: Destruição e Destruição de Equipamentos
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foi outro órgão envolvido na operação, realizando a destruição de diversos equipamentos usados na extração ilegal de ouro. Dentre os itens destruídos, estavam:
- 14 escavadeiras hidráulicas, máquinas pesadas utilizadas para cavar grandes buracos e explorar riquezas minerais;
- Um trator modificado, capaz de trafegar por áreas de mata fechada, facilitando o transporte de materiais e equipamentos;
- Vários motores estacionários, usados para geradores de energia em áreas remotas;
- Dois tratores, dois caminhões e cinco motos, todos pertencentes a garimpeiros ou envolvidos no transporte de materiais e equipamentos.
A destruição desses equipamentos representa uma ação importante para interromper o avanço das atividades criminosas e minimizar os danos ambientais causados pela exploração ilegal de recursos.
Operação Interinstitucional: Forças de Segurança em Ação
A operação foi coordenada por um conjunto de forças de segurança, com o apoio de vários órgãos, incluindo:
- Polícia Federal (PF), responsável pela cooperação e prisões;
- Polícia Rodoviária Federal (PRF), que realizou bloqueios e fiscalizações em pontos estratégicos da área do garimpo;
- Funai, que denunciou a situação e acompanhou as ações de proteção ao território indígena;
- Ibama, que cuidou da destruição de equipamentos e da fiscalização ambiental;
- Grupo Especial de Fronteira (Gefron), que ajudou a monitorar áreas de fronteira e rotas de fuga;
- Batalhão de Operações Especiais (Bope), que garantiu a segurança durante as ações de bloqueio e destruição de equipamentos;
- Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), que utilizou aeronaves para monitorar e apoiar a operação de campo.
- Força Tática de Mato Grosso, que apoiou durante as ações de bloqueio e abordagem.
Essa ação integrada reforçou a eficácia da operação, que conseguiu abranger grandes áreas e realizou apreensões em locais de difícil acesso.
A Gravidade da Situação: Destruição Ambiental e Cultural
O garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé causou sérios danos ambientais e sociais. As escavações indiscriminadas provocam desmatamento, poluição dos rios e eliminação do solo, afetando a biodiversidade local e colocando em risco o abastecimento de água das comunidades indígenas. A água poluída compromete diretamente a saúde das populações locais, que depende desses recursos naturais para sua sobrevivência.
Além disso, as atividades garimpeiras impactam profundamente a cultura indígena, pois os garimpeiros invadem territórios tradicionais, desrespeitando os modos de vida e a cultura dos povos indígenas. A presença de cerca de 5 mil garimpeiros, conforme dados do Ministério Público Federal de 2022, é uma ameaça direta à preservação do território e da cultura indígena.
O Histórico de Conflitos e Ações Anteriores
Este não é o primeiro episódio de confrontos e ações contra o garimpo ilegal na região. Em maio de 2020, foi realizada a primeira grande operação policial para desocupar um garimpo ilegal de ouro na TI Sararé. Contudo, logo após a retirada das equipes, os garimpeiros retornaram, reforçando a necessidade de uma abordagem mais intensa e contínua.
Em abril de 2024, a operação “Que Ouro Viciado” destruiu equipamentos avaliados em mais de R$ 17 milhões, incluindo 22 pás carregadoras, motores estacionários e geradores, além de outros equipamentos pesados, como britadeiras e bombas d’água. Essas ações destacam a persistência do problema e a necessidade de um combate mais agressivo.
Próximos Passos e Investigação em Andamento
A Polícia Federal agora concentrará seus esforços em identificar os proprietários dos equipamentos apreendidos e determinar o grau de envolvimento deles nas atividades externas. Além disso, a investigação continuará na busca por financiadores dessas atividades criminosas, com o objetivo de garantir que todos os envolvidos, desde os operadores até os patrocinadores, sejam responsabilizados penal e administrativamente.
Conclusão: A Luta Contra o Garimpo Ilegal na Terra Indígena Sararé
A operação contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé representa uma tentativa de preservar o meio ambiente e os direitos dos povos indígenas que habitam a região. A atuação das forças de segurança e dos órgãos ambientais é crucial para combater a devastação causada pela exploração ilegal de nosso ouro e proteger as comunidades afetadas. Contudo, a situação exige um esforço contínuo e a mobilização de diversos setores para garantir a eficácia das ações e a proteção dos territórios indígenas em Mato Grosso.