Nesta sexta-feira, 20 de dezembro, uma operação conjunta da Polícia Civil do Rio de Janeiro e do Ministério Público (MP) visa capturar Giovanni Oliveira Vieira, um dos principais suspeitos envolvidos no assassinato de três médicos na Barra da Tijuca, ocorrido em outubro de 2023. A ação faz parte de um processo investigativo que já dura mais de um ano e que revela uma série de conexões criminosas, erros de identificação e uma execução calculada. A operação também visa cumprir mandados de busca e apreensão em outros estratégicos locais.
O Crime: Como Três Médicos Foram Mortos por Engano na Barra da Tijuca
Em outubro de 2023, três médicos foram brutalmente assassinados em um ataque a um quiosque na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Eles estavam em um congresso de ortopedia e foram feitos para jantar no local, quando foram atacados por criminosos em uma emboscada.
O Alvo Errado: Confusão com Miliciano Taillon de Alcântara Barbosa
A tragédia teve como base uma confusão de identidade: Perseu Ribeiro Almeida, um dos médicos, foi confundido com Taillon de Alcântara Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, um dos principais chefes de uma milícia que atua na comunidade de Rio das Pedras. Os criminosos, após receberem informações erradas de um informante ainda não identificado, acreditaram que Taillon estava no quiosque, acompanhado de seguranças. Perseu, por sua semelhança com o miliciano, foi o alvo dos disparos.
Os Criminosos: A Participação de Giovanni Oliveira Vieira e Outros Envolvidos
Giovanni Oliveira Vieira: O ‘Batedor’ do Crime
Giovanni Oliveira Vieira é apontado como o responsável por guiar os criminosos até o local do crime. As investigações mostram que ele foi filmado em câmeras de segurança enquanto conduzia uma moto com os tiros a bordo até o quiosque Naná, onde ocorreram os assassinatos. Giovanni é procurado pela polícia e está no centro das operações de busca que acontecem na Zona Oeste do Rio, mais especificamente na Cidade de Deus, uma área onde ele tem forte conexão com o tráfico de drogas.
Francisco Glauber Costa de Oliveira: O GL e Sua Autorização para o Crime
Outro suspeito de extrema importância é Francisco Glauber Costa de Oliveira, conhecido como GL, que já está preso no Complexo de Gericinó. GL teria dado uma autorização para a execução dos médicos após o erro de identificação. Ele é uma figura chave dentro da facção criminosa, e seu envolvimento reforça a tese de que o ataque fez parte de um esquema maior orquestrado por membros do Comando Vermelho.
Outros membros do Comando Vermelho Denunciados
O trabalho investigativo revelou que outros membros da facção Comando Vermelho eram conscientes do plano de ataque e até ajudaram na execução. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) denunciou os seguintes crimes:
- Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso
- Carlos da Costa Neves, o Gardenal
- Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW
Esses indivíduos, que fazem parte da estrutura do Comando Vermelho, forneceram apoio logístico e autorização para que a execução fosse realizada, segundo as investigações.
A Investigação: Mais de Um Ano de Trabalho Conjunto
As investigações, que duraram mais de um ano, foram conduzidas pela Delegacia de Homicídios da Capital, em parceria com a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e o Gaeco. Uma análise de câmeras de segurança e interceptações telefônicas revelou detalhes cruciais de identidade, como a confusão de que motivou o ataque, e a ligação de vários dos envolvidos com o tráfico e a milícia.
O Plano de Execução: Como os Criminosos Agiram
Os criminosos, que já monitoravam Taillon há meses, formaram uma equipe conhecida como “equipe Sombra”, com a missão de eliminar o miliciano rival. Durante a execução, os criminosos chegaram em dois veículos, mas acabaram matando três médicos inocentes, incluindo Perseu, Marcos Andrade Corsato e Diego Ralf de Souza Bonfim.
- Perseu Ribeiro Almeida, 33 anos, especialista em cirurgia do pé e tornozelo pela USP, morreu instantaneamente.
- Marcos Andrade Corsato, 62 anos, assistente do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP, também morreu no local.
- Diego Ralf de Souza Bonfim, 35 anos, especialista em ajuda óssea, foi socorrido, mas faleceu horas depois no hospital.
Sobrevivente do ataque:
- Daniel Sonnewend Proença, 32 anos, especialista em cirurgia ortopédica, sobreviveu apesar de ter levado 14 tiros. Ele foi socorrido e atualmente realiza tratamentos em São Paulo.
Punição Interna: A Cúpula do Comando Vermelho Executa os Criminosos Envolvidos
Após a cúpula do Comando Vermelho descobrir o erro de invasão por seus subordinados, decidiu aplicar diversas punições. Quatro dos cinco traficantes se envolveram no ataque foram mortos nas horas seguintes, em um ato de represália realizado na comunidade da Chacrinha, também na Zona Oeste do Rio.
- Philip Motta Pereira, conhecido como Lesk, foi o mentor do ataque e responsável por comunicar a facção sobre os passos a serem seguidos. Ele foi morto por uma segurança na porta de sua casa.
- Ryan Nunes de Almeida, Thiago Lopes Claro da Silva e Pablo Roberto da Silva dos Reis foram assassinados, fazendo parte do grupo de traficantes conhecido como “equipe Sombra”.
O Motorista Elias Thiago Reis: A Última Vítima
Elias Thiago Reis, conhecido como Militão, foi o motorista do veículo usado pelos assassinos no dia do ataque. Após a execução, ele foi poupado da morte pela cúpula do tráfico, mas acabou morrendo em um confronto policial em novembro de 2023. Militão, que já tinha passagens pela polícia, tentou roubar um veículo no Recreio dos Bandeirantes, mas foi perseguido e morto durante uma tentativa.
O Impacto e as Repercussões da Morte dos Médicos: Uma Tragédia Que Abalou a Classe Médica
As mortes dos três médicos geraram uma onda de consternação entre colegas de profissão, familiares e a sociedade em geral. A situação evidencia não apenas a violência do crime organizado, mas também a tragédia de um erro de identificação que resultou em vítimas inocentes. O caso segue sendo acompanhado de perto pela população e pelas autoridades, com novas atualizações a cada dia.
O Caso Segue em Andamento
A operação de busca por Giovanni Oliveira Vieira e outros suspeitos continua. A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro continuam trabalhando para capturar todos os envolvidos e esclarecer todos os aspectos deste crime bárbaro. A sociedade aguarda justiça para as vítimas e espera que os responsáveis sejam responsabilizados de forma justa e exemplar.