O Crescimento das Apreensões em Penitenciárias de Mato Grosso
Entre os meses de outubro e novembro de 2024, as unidades prisionais de Mato Grosso, especialmente a Penitenciária Central do Estado (PCE) e o Centro de Ressocialização Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande, registraram uma série de apreensões de celulares e drogas. Estas ações fazem parte de um esforço contínuo para combater a entrada de aparelhos celulares e substâncias ilícitas nas penitenciárias, que são ferramentas cruciais para a organização do crime dentro das unidades.
A fiscalização é uma das frentes mais importantes no enfrentamento das facções criminosas que controlam atividades ilícitas tanto dentro quanto fora das prisões, além de garantir a ordem e a segurança dos detentos e funcionários.
Apreensões na Penitenciária Central do Estado (PCE)
A Penitenciária Central do Estado (PCE), localizada no Bairro Pascoal Ramos, em Cuiabá, continua sendo um foco das operações de segurança. Entre os dias 16 e 17 de dezembro de 2024, equipes da Polícia Penal realizaram uma operação de fiscalização nos raios dois e seis, resultando na apreensão de 21 celulares e 13 porções de drogas, entre elas, maconha e cocaína.
Detalhes das Apreensões na PCE:
- Outubro de 2024: Mais de 180 celulares foram apreendidos em apenas duas semanas, um número alarmante que evidencia a extensão do problema.
- Novembro de 2024: A fiscalização resultou em 86 celulares apreendidos, com destaque para uma cela que continha 32 celulares, levantando suspeitas de que o local funcionava como uma “assistência técnica”, onde os aparelhos eram consertados e distribuídos para outros detentos.
- Além disso, 30 celulares foram encontrados escondidos no motor de um caminhão, que estava entrando na PCE.
Essas apreensões são apenas uma fração das tentativas de arremesso de celulares por cima do muro da penitenciária, um método comumente usado para tentar introduzir dispositivos eletrônicos nas celas. Até hoje, mais de 50 aparelhos foram arremessados dessa maneira, o que mostra a persistente tentativa dos detentos de contornar a fiscalização.
Centro de Ressocialização Ahmenon Lemos Dantas, Várzea Grande
Além da PCE, outra unidade prisional que registrou apreensões significativas foi o Centro de Ressocialização Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. Durante as operações de 16 de dezembro de 2024, foram encontrados:
- 5 celulares
- 5 carregadores
- 3 fones de ouvido
- 10 porções de maconha
- 10 porções de cocaína
Este centro, que também abriga um número expressivo de detentos, tem sido alvo constante de operações, dada a tentativa contínua de contrabando de materiais ilícitos e a disseminação de facções criminosas dentro do sistema prisional.
Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May
Além das grandes penitenciárias, a Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, também localizada na capital Cuiabá, foi outra unidade que teve um aumento nas apreensões. Durante a mesma operação, dois celulares foram encontrados, aumentando o alcance das investigações e mostrando que nenhuma unidade está imune ao problema do contrabando de celulares e drogas.
Operação Tolerância Zero ao Crime Organizado
Essas apreensões fazem parte de um movimento mais amplo chamado Operação Tolerância Zero ao Crime Organizado, um conjunto de ações estratégicas lançadas pelo Governo de Mato Grosso em novembro de 2024. O principal objetivo da operação é intensificar o combate ao crime organizado nas penitenciárias e na sociedade, visando enfraquecer facções criminosas que operam dentro e fora dos presídios.
Principais Medidas do Pacote de Segurança:
- Criação de 4 novas delegacias dedicadas ao combate ao crime organizado.
- Convocação de mais de 300 novos servidores para atuar diretamente nas áreas de segurança pública e inteligência policial.
- Criação da Secretaria de Justiça (Sejus-MT), que terá um papel estratégico na coordenação de ações contra o crime organizado no estado. A pasta será comandada pelo delegado Vitor Hugo, uma autoridade com vasta experiência no combate ao tráfico e organizações criminosas.
Além disso, o governador Mauro Mendes anunciou que o pacote de segurança deve ser complementado com a aprovação de novos projetos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), incluindo reformas que centralizem o controle da segurança pública em uma nova estrutura organizacional.
Impacto e Desafios no Sistema Prisional de Mato Grosso
A situação nas penitenciárias de Mato Grosso levanta preocupações em relação à falta de controle efetivo sobre as entradas de materiais ilícitos e aparelhos celulares. Esses itens são frequentemente utilizados para a gestão de facções criminosas, realização de negócios ilícitos, e até mesmo para coordenar ataques fora das unidades prisionais.
Desafios enfrentados pelo sistema prisional:
- Falta de recursos e equipamentos de fiscalização adequados para impedir a entrada de aparelhos e drogas.
- Organização de facções criminosas dentro das penitenciárias, utilizando celulares para comandar atividades criminosas e coordenar ações violentas.
- Persistência das tentativas de arremesso de celulares e o uso de túnel e outras rotas alternativas para contrabandear materiais.
O Caminho para a Segurança e Controle nas Penitenciárias de MT
As apreensões de celulares e drogas nas penitenciárias de Mato Grosso refletem a necessidade urgente de fortalecer a segurança nas unidades prisionais e aumentar o controle sobre o que entra e sai dos estabelecimentos. As operações de fiscalização realizadas pela Polícia Penal e os programas de segurança do Governo de Mato Grosso são cruciais, mas ainda enfrentam desafios significativos.
A Operação Tolerância Zero ao Crime Organizado representa um passo importante, com a criação de novas delegacias, a convocação de servidores e a implantação de uma nova Secretaria de Justiça, medidas que visam combater de forma mais eficiente as facções criminosas. Contudo, o trabalho está longe de ser concluído, e a necessidade de um sistema de segurança eficaz, com controle rigoroso e inovação em tecnologias de monitoramento, é fundamental para garantir que as penitenciárias não se tornem centros de comando de crimes.