Uma operação coordenada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), com apoio da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, culminou na prisão de sete pessoas, incluindo um delegado e três policiais civis, todos acusados de colaborar com o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das facções criminosas mais poderosas do Brasil. Ao todo, foram cumpridos 8 mandados de prisão, e ainda há um policial foragido.
Esta ação resultou na apreensão de dinheiro, armas e joias, além de medidas cautelares como o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens. As investigações apontam que os presos estariam envolvidos em uma rede de corrupção, manipulação de investigações e facilitação de lavagem de dinheiro do PCC. Se condenados, os envolvidos podem cumprir até 30 anos de prisão.
Operação “Tácito” – A Grande Mobilização
A operação recebeu o nome de “Tácito”, um termo em latim que significa “silencioso” ou “não dito”, em alusão à forma secreta e ocultação de atuação do grupo criminoso. Mais de 130 agentes da PF, promotores do Gaeco e membros da Corregedoria da Polícia Civil atuaram em diversas localidades, cumprindo mandados de prisão e busca e apreensão.
As operações ocorrem nas cidades de São Paulo, Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba, no interior do estado. Além das prisões, foram sequestrados bens de alto valor, como imóveis e veículos, que estariam ligados ao esquema de lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo os policiais.
Investigação e Desdobramentos
A investigação é fruto de um trabalho conjunto entre a Polícia Federal, o Ministério Público e a Corregedoria da Polícia Civil, com o objetivo de desarticular um esquema de fraude que vem operando desde 2018, movimentando cerca de R$ 100 milhões em recursos ilícitos. Os envolvidos facilitaram a lavagem de dinheiro, principalmente através da compra de imóveis utilizando empresas de fachadas e intermediários.
Os suspeitos são acusados de envolvimento em crimes como:
- Organização criminosa;
- Corrupção ativa e passiva;
- Ocultação de capitais;
- Manipulação e vazamento de investigações policiais;
- Facilitação de lavagem de dinheiro;
- Venda de proteção a membros da facção criminosa.
As investigações também revelaram que os policiais suspeitos de envolvimento com o PCC tinham proteção garantida para membros da facção, desvios de bens facilitados, apreendidos em operações policiais, e até colaborados com extorsão de crimes para beneficiários dos interesses do PCC.
Detalhes das Prisões e Investigados
- Fábio Baena (delegado preso): O delegado Baena foi um dos principais acusados de extorsão. Ele foi denunciado por Vinícius Gritzbach, um delator do PCC, que o acusou de exigir dinheiro em troca de não prejuízos envolvendo investigações a facção. Baena estava à frente de uma operação em que Gritzbach era suspeito de mandar matar membros do PCC.
- Eduardo Monteiro, Marcelo Ruggeri e Marcelo “Bombom” (policiais civis presos): Estes três policiais civis foram presos por envolvimento em práticas criminosas ligadas ao PCC, como manipulação de investigações e facilitadores de lavagem de dinheiro através de imóveis.
- Rogério de Almeida Felício (forgido policial): Felício ainda está foragido e, de acordo com as investigações, também desempenhou a função de segurança do cantor Gusttavo Lima, o que levanta questionamentos sobre sua proximidade com figuras públicas.
Além dos policiais, também foram presos:
- Ademir Pereira Andrade;
- Ahmed Hassan;
- Robinson Granger de Moura (conhecido como Molly), outros indivíduos suspeitos de envolvimento no esquema planejado.
Dinheiro, Armas e Bens Apreendidos
Durante a operação, as autoridades apreenderam grande quantidade de dinheiro e armas, além de joias de alto valor, que eram provenientes de fruto da lavagem de dinheiro do PCC. Além disso, vários bens dos suspeitos foram sequestrados, como imóveis e veículos de luxo, os quais estariam sendo utilizados para ocultar a origem ilícita do dinheiro.
Defesas e Controvérsias
Os advogados de Fábio Baena e Eduardo Monteiro alegaram que as prisões foram abusivas e indicaram que só se pronunciaram publicamente após terem acesso à decisão judicial que determinou a prisão. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou que a Corregedoria da Polícia Civil está acompanhando a operação e que toda a ação foi realizada em colaboração com as autoridades federais e do MP-SP.
Implicações para a Polícia Civil de São Paulo
Este escândalo revela a profundidade da infiltração do crime organizado nas instituições públicas, levantando questões sobre a atuação dos servidores da Polícia Civil e sua possível colaboração com facções criminosas. Como as investigações estão longe de serem concluídas, e o caso pode envolver outros membros das forças policiais e autoridades de vários níveis.
Expectativas Futuras
A operação “Tácito” pode ser apenas a ponta do iceberg. A continuidade das investigações deverá revelar mais detalhes sobre a colaboração entre policiais e facções criminosas, além de fornecer informações cruciais para desmantelar redes de corrupção e lavagem de dinheiro no Brasil.
As autoridades esperam que essa ação represente um passo significativo para a desarticulação do PCC e a redução da corrupção nas instituições públicas.