Contexto da Operação:
Na manhã de terça-feira, 17 de dezembro de 2024, a Polícia Federal, com o apoio do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), deflagrou uma grande operação contra uma rede de policiais civis e outros envolvidos com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O objetivo da operação, denominada “Tácito”, é desmantelar um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, além de manipulação de investigações e proteção a criminosos.
A operação resultou na prisão de vários membros da Polícia Civil de São Paulo, incluindo um delegado, policiais civis e outros envolvidos. Além disso, a PF fez buscas e apreensões de bens, documentos, dinheiro em espécie, joias e armas.
Objetivos da Operação:
- Investigar corrupção ativa e passiva.
- Desmantelar a rede de proteção de proteção aos membros do PCC.
- Combate à lavagem de dinheiro relacionada à facção criminosa.
- Investigar o envolvimento de policiais civis em esquemas ilegais.
Quem é Rogério de Almeida Felício (Rogerinho)?
O foco principal da operação é Rogério de Almeida Felício, conhecido como Rogerinho, um policial civil de São Paulo e membro da segurança do cantor Gusttavo Lima. Ele está foragido e é um dos principais suspeitos de envolvimento com o PCC.
- Função na segurança de Gusttavo Lima: Rogerinho é um dos responsáveis pela segurança do famoso cantor sertanejo, que figura entre os artistas mais populares do Brasil.
- Ação criminosa: Rogerinho é suspeito de manipular investigações e envolvimento com lavagem de dinheiro para o PCC.
- Conexões com o PCC: Ele foi relatado na delação premiada de Vinícius Gritzbach, um empresário morto a tiros no mês anterior, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Gritzbach havia acusado Rogerinho de estar envolvido em negociações ilícitas.
Acusações contra Rogerinho:
- Aparição em redes sociais: Prints de Rogerinho ostentando um relógio que, segundo as investigações, teria sido subtraído de Gritzbach após sua execução.
- Possuindo incompatibilidades com o salário: Com um salário de aproximadamente R$ 7 mil, Rogerinho é apontado como proprietário de empresas de segurança privada, estética e construção civil. Ele é suspeito de usar sua carga para enriquecer ilegalmente.
- Procurado pela PF: Após a operação, a PF não localizou Rogerinho em suas residências, mas continua as buscas por ele.
Prisão de Outros Policiais e Envolvimento de Delegado
Além de Rogerinho, a operação prendeu outros membros da Polícia Civil de São Paulo. Entre os presos estão:
- Fabio Baena, delegado da Polícia Civil, acusado de extorsão e de ser líder de um esquema corrupto. Baena já foi incluída na delação premiada de Gritzbach, que o acusou de envolvimento em investigações fraudulentas.
- Eduardo Monteiro, Marcelo Ruggeri e Marcelo Bombom, policiais civis acusados de colaborar com o PCC.
- Outros investigados incluem:
- Ademir Pereira Andrade, Ahmed Hassan e Robinson Granger de Moura (Molly).
Principais Acusações Contra os Presos:
- Extorsão: O pesquisador acredita que Baena e outros policiais extorquiram empresários e criminosos, em troca de informações de proteção e proteção.
- Corrupção ativa e passiva: Envolvimento com a facção criminosa em troca de benefícios financeiros.
- Manipulação de investigações: O grupo é acusado de interferir em investigações policiais em favor do PCC, prejudicando a justiça e permitindo o crescimento da facção.
Impactos da Operação Tácito
A operação teve um grande impacto nas investigações sobre o PCC e seus vínculos com membros das forças de segurança pública. A facção criminosa, com ajuda de policiais corruptos, movimentou mais de R$ 100 milhões desde 2018.
- Apreensões realizadas:
- Dinheiro em espécie: quantias importantes de dinheiro foram confiscadas durante a operação.
- Joias e bens: Joias e outros bens de valor também foram apreendidos, alguns deles de origem duvidosa.
- Armas: Diversas armas ilegais foram encontradas durante as buscas em propriedades ligadas aos investigados.
Crimes Apurados:
- Organização criminosa: Participação em uma rede criminosa estruturada, que envolve corrupção e tráfico de influência.
- Corrupção ativa e passiva: Pagamento de subornos a policiais para proteger os interesses do PCC.
- Ocultação de capitais: Esquemas de lavagem de dinheiro para ocultar os ganhos ilícitos da facção.
Detalhes da Operação:
- Número de policiais envolvidos: 130 agentes da Polícia Federal.
- Mandados cumpridos: A operação cumpriu 8 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão em diversas localidades do estado de São Paulo, incluindo São Paulo, capital, Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba.
- Objetivo: Desmantelar a rede de corrupção policial e proteger a sociedade de esquemas de lavagem de dinheiro e manipulação de investigações.
Consequências para os Investigados:
Os investigados enfrentam punições severas:
- Penas de até 30 anos de prisão, dependendo da gravidade de sua participação nos crimes.
- Sequestro de bens e bloqueio de contas bancárias dos envolvidos.
A Repercussão da Operação e Posicionamento das Autoridades
O advogado Daniel Bialski, que defende os policiais Baena e Monteiro, classificou as prisões como abusivas, afirmando que se manifestará após análise das decisões judiciais.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo declarou que a Corregedoria da Polícia Civil acompanha a operação, destacando que a colaboração com a PF e MP continua durante as diligências.
A Operação Tácito revela o envolvimento de policiais de alta patente com o PCC, demonstrando a corrupção sistêmica dentro das forças de segurança pública. Com apreensões substanciais e prisões significativas, a operação coloca um ponto de interrogatório sobre a integridade da Polícia Civil de São Paulo e mostra a importância da investigação contínua para combater a corrupção dentro das instituições públicas.
A fuga de Rogerinho, a segurança de Gusttavo Lima, reforça a gravidade da situação e a urgência da colaboração entre as autoridades para desmantelar esquemas de proteção a organizações criminosas.