A Operação ‘Tolerância Zero ao Crime Organizado’ Impõe Medidas Rigorosas nas Unidades Prisionais de Mato Grosso
A Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT) lançou nesta quinta-feira (5) a Operação ‘Tolerância Zero ao Crime Organizado’, uma ação de segurança de grande escala destinada a combater o tráfico de materiais ilícitos nas unidades presos do estado. O objetivo principal da operação é compreender itens proibidos, como drogas, celulares, carregadores e chips de celulares, que foram introduzidos com frequência nas unidades prisionais, comprometendo a segurança e a ordem no sistema penitenciário.
A operação ocorre em todas as 41 unidades prisionais de Mato Grosso e envolve ações de fiscalização intensificadas, com a cooperação de diversas forças de segurança, incluindo a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Polícia Penal e equipes de inteligência. Essa ação é uma continuidade do programa Tolerância Zero ao Crime Organizado, que foi implantado em 25 de novembro de 2024, com o objetivo de atacar de forma mais eficaz as facções criminosas e reduzir a circulação de itens ilícitos dentro das prisões.
Estratégias de Fiscalização e Apreensões nas Prisões
A operação inclui uma série de ações de fiscalização, como revistas em celas, inspeção de visitantes e entregas, além de investigações realizadas sobre a entrada e circulação de materiais ilegais nas unidades. O balanço completo das apreensões ainda não foi divulgado, mas as autoridades afirmam que os números preliminares são significativos.
As apreensões visam combater a estruturação de facções criminosas dentro dos presídios, que utilizam celulares e dispositivos eletrônicos para coordenar atividades ilícitas, como tráfico de drogas, extorsão e violência contra membros de grupos rivais. Além disso, esses materiais são usados para fugas planejadas e outras ações criminosas fora dos muros das prisões.
Apreensão de 86 Celulares em Cuiabá: Ação Impõe Desafios para a Segurança Pública
Em uma das ações recentes, equipes da Polícia Penal apreenderam 86 celulares na Penitenciária Central do Estado (PCE), localizada no Bairro Pascoal Ramos, em Cuiabá. A apreensão foi realizada em 28 de novembro de 2024, e foi uma das maiores apreensões de celulares já registradas em unidades prisionais do estado.
Entre os itens apreendidos estavam 32 celulares em uma única cela, indicando que o local estava sendo utilizado como um ponto de assistência técnica para reparo de aparelhos. Também foram encontrados 130 chips de celulares, 50 porções de maconha, 20 porções de cocaína, fones de ouvido, e até caixas de aparelhos, mostrando que os presos estavam montando novos dispositivos com peças de celulares quebrados.
Além disso, um preso de alta periculosidade teve celulares encontrados em sua cela, o que gerou mais preocupações sobre a circulação de materiais não autorizados no sistema penitenciário e a segurança nas unidades prisionais.
A Violência no Estado: Facções Criminosas e Casos Bárbaros de Homicídios
A violência associada a facções criminosas em Mato Grosso tem aumentado significativamente, com relatos de crimes brutais em diversas regiões do estado. A crescente presença de facções tem gerado um clima de medo e insegurança na população, especialmente entre as cidades mais afetadas.
Cáceres, localizada a 220 km de Cuiabá, foi palco de um crime particularmente chocante. Gabriela da Silva Pereira, uma adolescente de 16 anos, foi torturada e assassinada após fazer uma live nas redes sociais criticando a qualidade da droga fornecida por uma facção criminosa. O crime foi motivado pela suspeita de que a crítica teria favorecido grupos rivais. Esse caso expõe a violência brutal das facções que, muitas vezes, matam de forma intolerante qualquer um que desafie sua autoridade.
Outro caso de violência extrema ocorreu em Porto Esperidião, a 358 km de Cuiabá, onde as irmãs Rayane Alves Porto e Rithiele Alves Porto, de 25 e 28 anos, foram sequestradas e mortas após realizarem um gesto associado a uma facção rival durante um festival de pesca. As irmãs, que administravam um circo, foram torturadas em cativeiro antes de serem realizadas. Este crime ainda envolveu outros dois jovens, um dos quais conseguiu escapar e denunciar o ocorrido.
Esses casos exemplificam a ferocidade das facções criminosas e a capacidade dessas organizações de expandir sua influência e controle dentro e fora das unidades prisionais.
Estatísticas Alarmantes: Facções Criminosas e Aumento da Violência em Mato Grosso
Os dados de violência no estado são alarmantes e indicam uma tendência crescente de crimes violentos associados às facções. O Atlas da Violência 2024 e o Monitor da Violência revelam que o município de Sorriso, a 420 km de Cuiabá, ocupa a 7ª posição entre as cidades mais violentas do Brasil, com uma taxa de 77 homicídios por 100 mil habitantes em 2022.
Em 2023, Mato Grosso registrou 919 homicídios dolosos, além de 15 casos de latrocínio e dois casos de lesão corporal seguida de morte, totalizando 936 crimes violentos no estado. Esses números são um reflexo do avanço das facções criminosas em Mato Grosso, que continuam a desafiar as autoridades e a enfraquecer o sistema de segurança pública.
Desafios e Respostas à Ameaça do Crime Organizado em Mato Grosso
A Operação Tolerância Zero ao Crime Organizado é uma resposta urgente à crescente ameaça das facções criminosas em Mato Grosso. Embora as autoridades estejam tomando medidas rigorosas para controlar o tráfico de drogas e apreender celulares e dispositivos ilegais, a situação no estado continua a ser um grande desafio.
O aumento da violência, a expansão das facções e o número crescente de homicídios indicam que mais ações precisam ser tomadas para restaurar a segurança e proteger os cidadãos de Mato Grosso. O combate ao crime organizado exige colaboração entre diferentes esferas de governo e uma estratégia coordenada para enfrentar essa ameaça de forma eficaz e rigorosa.