A Coreia do Sul está vivendo um momento de intensa instabilidade política. O presidente Yoon Suk Yeol, que assumiu o cargo em 2022, agora enfrenta um processo de impeachment que ganhou força após um episódio alarmante envolvendo uma tentativa de instaurar uma lei marcial em pleno século XXI. O líder do Partido do Poder Popular (PPP), partido de Yoon, pediu uma rápida suspensão do presidente, argumentando que sua permanência no cargo representa um “grande perigo” para a segurança e estabilidade do país. A votação do impeachment foi antecipada para este sábado, 7 de dezembro de 2024, e poderá marcar o fim do mandato de Yoon.
O Pedido de Suspensão e Mudança de Postura no Partido Governista
- Han Dong-hoon, líder do PPP, surpreendeu ao mudar sua posição e pediu a “rápida suspensão” de Yoon do cargo. Em uma declaração pública, Han afirmou que a continuidade do presidente não representa um risco significativo para a segurança nacional e a estabilidade da República da Coreia.
- Han destacou que, em face dos recentes acontecimentos, Yoon não tomou medidas contra oficiais do Exército que participaram da imposição da lei marcial e, além disso, não revelou o erro em sua tentativa de governar por meio de uma medida extrema e ilegal. Segundo Han, Yoon é um “grande perigo” para a população sul-coreana.
- Uma reunião de emergência convocada pelo PPP, na manhã de sexta-feira (6), revelou a profundidade da crise. Durante o encontro, Yoon não comparou, o que gerou mais especulações sobre sua capacidade de manter o apoio dentro de seu próprio partido.
Antecipação da Votação de Impeachment: O Futuro de Yoon Suk Yeol em Jogo
- A votação do impeachment, que estava originalmente programada para os dias seguintes, foi antecipada para as 5h deste sábado (7h de Brasília), devido à escalada da crise. A moção de destituição já tem o apoio de 192 dos 300 deputados da Assembleia Nacional, que representam a oposição ao governo de Yoon, e, com a mudança de postura do PPP, é possível que a votação atinja a maioria de dois terços necessários para a destituição.
- Uma pesquisa de opinião publicada na quinta-feira (5) pelo instituto Realmeter revelou que 73,6% da população sul-coreana apoia o impeachment de Yoon, enquanto seu índice de aprovação despencou para apenas 13%, um reflexo do descontentamento generalizado com sua liderança e ações autoritárias.
- Oposição e partidos governistas, que anteriormente eram divididos, agora têm uma frente unificada contra o presidente. De acordo com o professor de Ciência Política, Shin Yul, da Universidade Myongji, a decisão de Han e outros membros do PPP de apoiar o impeachment está relacionada à percepção crescente de que Yoon poderia tentar instaurar uma segunda lei marcial para permanecer no poder, o que geraria um grave risco à democracia do país.
A Lei Marcial de Yoon Suk Yeol: Uma Decisão Polêmica e Perigosa
O Que Aconteceu?
Na noite de terça-feira, 3 de dezembro, Yoon Suk Yeol tomou uma decisão chocante, suspendendo a ordem civil e enviando tropas e presidentes ao Parlamento para garantir que seus aliados pudessem votar a favor de medidas que beneficiassem seu governo. A medida foi tomada em meio a um cenário de protestos da população, que se opôs ferozmente à imposição da lei marcial.
Após uma noite de protestos intensos e excluídos públicos, o presidente recuou de sua decisão, retirando as tropas do Parlamento em um gesto de desconforto e desconcertação. No entanto, a oposição viu nisso uma violação grave da Constituição, levando à apresentação de um movimento de impeachment.
Impacto da Lei Marcial e Reação Internacional
O movimento de Yoon gerou críticas internacionais, especialmente dos Estados Unidos, que alertaram para o impacto negativo que a medida teria sobre as relações internacionais e a estabilidade democrática da Coreia do Sul. Durante uma conversa telefônica com o ministro sul-coreano das Relações Exteriores, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, celebrou a suspensão da lei marcial e expressou sua confiança na resistência democrática do país.
Internamente, a ocorrência também foi forte, com a oposição acusando Yoon de tentar evitar investigações iminentes sobre supostos crimes ocorridos nele e sua família. Além disso, a medida de Yoon lembrou a população de um passado autoritário e das duras memórias da ditadura que governou o país até 1987.
Suspensão de Oficiais Militares e Alegações de Abuso de Poder
- Como consequência da lei marcial, o Ministério da Defesa da Coreia do Sul anunciou a suspensão de três oficiais militares de alto escalonamento, incluindo o comandante militar de Seul, o comandante das forças especiais e o comandante de contraespionagem. Esses oficiais foram punidos por sua participação na aplicação da medida extrema.
- Além disso, imagens das câmeras de segurança mostraram que os soldados buscavam dissuadir figuras da oposição, incluindo o líder do Partido Democrata, Lee Jae-myung, o presidente do Parlamento, Woo Won-shik, e até Han Dong-hoon, o líder do PPP. O governo sul-coreano negou essas alegações, mas a investigação sobre as ações do Exército continua.
Investigação sobre Insurreição: Yoon e Seus Aliados Sob Suspeita
- A oposição também apresentou denúncias formais de insurreição contra Yoon e altos funcionários do seu governo, como o ex-ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, que renunciou na quinta-feira (5) e agora está proibido de deixar o país.
- A investigação sobre as denúncias de preparativos para uma segunda lei marcial está sendo conduzida por uma equipe de 120 policiais. Caso sejam descobertas evidências de que Yoon planejava usar novamente o Exército para reforçar seu poder, ele poderá ser perseguido judicialmente por abuso de autoridade e outros crimes.
O Futuro de Yoon Suk Yeol e a Imagem Internacional da Coreia do Sul
Se o impeachment for aprovado, Yoon terá suas funções suspensas enquanto o caso for analisado pela Corte Constitucional. Esse processo de destituição pode ter implicações significativas para a política interna da Coreia do Sul e para a sua imagem internacional. O país, que tem sido um aliado estratégico dos Estados Unidos na região, enfrenta agora um momento crucial em sua democracia.
A Virada da História Política Sul-Coreana
A situação em torno do presidente Yoon Suk-yeol se tornou um dos maiores desafios políticos que a Coreia do Sul já representou. O estágio do processo de impeachment e as consequências políticas que ele acarreta serão determinantes para o futuro do país. A votação de sábado será uma prova garantida para o equilíbrio político e a democracia da Coreia do Sul.