O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) deflagrou na manhã desta terça-feira (3) a Operação Nexus, que visa investigar a ligação entre agentes públicos de Cuiabá e facções criminosas que atuam no estado. Durante a operação, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, sendo quatro nas residências de investigados e um na sede da Associação dos Servidores da Penitenciária Central (Aspec). O Gaeco busca, com essa ação, reunir documentos e evidências que comprovem vínculos de transações financeiras suspeitas e a aquisição ilegal de bens.
Objetivo da Operação Nexus: Combater o Crime Organizado no Sistema Prisional de Cuiabá
A Operação Nexus tem como principal objetivo desmantelar uma rede criminosa que envolve agentes públicos dentro do sistema penitenciário de Cuiabá, acusados de facilitar o funcionamento de facções criminosas. Além disso, a operação visa coletar provas que mostrem como esses agentes estavam envolvidos em atividades criminosas, como o tráfico de drogas, movimentações financeiras ilegais e a aquisição de bens de forma irregular.
Mandados Cumpridos: Ações em Diferentes Locais de Cuiabá
- 4 mandados em residências de investigados: Agentes públicos suspeitos de envolvimento direto com a facção criminosa.
- 1 mandado na sede da Aspec: A associação dos servidores da penitenciária é acusada de ser o centro de operações financeiras ilícitas envolvendo servidores e presos.
Os mandados de busca e apreensão visam recolher documentos, notas fiscais e registros bancários que possam comprovar a movimentação de dinheiro ilícito e a aquisição de bens de forma irregular.
Movimentação Financeira Imensa: R$ 13 Milhões em 3 Anos e 9 Meses
Um dos aspectos mais alarmantes da investigação é a descoberta de que, apesar de não possuir capital social, a Associação dos Servidores da Penitenciária Central (Aspec) movimentou uma quantia impressionante de R$ 13 milhões em 3 anos e 9 meses. O valor levantado pela operação é extremamente desproporcional aos registros financeiros e à natureza das atividades da Aspec, o que levanta sérias suspeitas sobre a origem e a destinação desses recursos.
Como essa movimentação ocorreu?
- Sem explicação clara para os valores: A Aspec, uma entidade sem fins lucrativos e sem capital social formal, gerenciava grandes quantias de dinheiro de maneira semelhante a um centro de negócios ilegais.
- Possível lavagem de dinheiro: A grande movimentação financeira pode estar vinculada a prática de lavagem de dinheiro, onde valores ilícitos são disfarçados por meio de transações comerciais falsas ou superfaturadas.
Facção Criminosa Comando Vermelho: Conexão com o Sistema Penitenciário de MT
A operação também revelou informações de um dos principais líderes da facção criminosa Comando Vermelho, identificado como “Sandro Louco”, que está preso e foi interrogado. Ele revelou durante seu depoimento que uma cantina/mercadinho dentro do sistema penitenciário teria sido utilizada como ponto de transações ilícitas, com a facilidade de movimentação de grandes quantias de dinheiro e mercadorias sem fiscalização adequada.
O Papel da Cantina/mercadinho na Facção
- Circulação de mercadorias e dinheiro: Segundo Sandro Louco, o estabelecimento dentro da prisão permitia o controle de mercadorias e dinheiro de forma independente, sendo administrado por membros da facção.
- Movimentação financeira ilegal: O local era responsável por transações de grandes valores em espécie, sem qualquer tipo de controle ou fiscalização, envolvendo tanto servidores públicos quanto presos.
- Envolvimento direto com a Aspec: O dinheiro transacionado estava vinculado à Aspec, apontando uma conexão direta entre a associação dos servidores e a organização criminosa.
O Impacto da Operação Nexus e o Combate à Corrupção no Sistema Penitenciário
Essa operação não apenas revela o alcance da corrupção sistêmica no sistema penitenciário de Mato Grosso, mas também destaca o papel de agentes públicos na facilitação de atividades ilícitas dentro das prisões. A operação promete trazer consequências significativas, com a possível desarticulação de uma rede de corrupção e facções criminosas que operam em Cuiabá e em outros locais do estado.
Próximos Passos da Operação Nexus
A operação segue em andamento e novas informações podem surgir à medida que as investigações avançam. O Gaeco continua a trabalhar para identificar outros envolvidos no esquema e reunir evidências adicionais sobre a relação entre servidores públicos e facções criminosas. Além disso, a operação pode se expandir para outras regiões do estado, à medida que novas descobertas sejam feitas.