Crise no Pronto-Socorro de Várzea Grande
Na última segunda-feira (11), uma vistoria do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) revelou uma situação alarmante do Pronto-Socorro de Várzea Grande, unidade localizada na região metropolitana de Cuiabá. A inspeção é uma série de irregularidades graves que comprometem o atendimento à população, desde a superlotação até a falta de médicos, equipamentos essenciais e uma estrutura deteriorada.
A fiscalização foi motivada por denúncias feitas à instituição sobre as condições de trabalho e a qualidade do atendimento. Todas as alas da unidade foram descobertas com irregularidades graves, que variam desde questões estruturais até a ausência de profissionais de saúde em setores cruciais.
Principais Problemas Identificados no Pronto-Socorro
O relatório de vistoria do CRM-MT apontou as seguintes falhas graves, divulgadas por toda a unidade de saúde:
1. Superlotação e Deficiência na Escala de Profissionais
- A enfermaria foi identificada com 30 pacientes ocupando um espaço destinado a apenas 20 leitos. Em algumas áreas, os pacientes foram acomodados em macas nos corredores, prejudicando tanto o atendimento quanto a privacidade e conforto dos mesmos.
- A falta de médicos foi um dos principais problemas destacados. Profissionais de saúde relataram a escassez de plantonistas, com apenas três médicos atendendo 13 leitos na sala vermelha, destinados a pacientes críticos.
- No setor pediátrico, apenas um médico estava disponível durante o plantão diurno, quando o ideal seria a presença de dois profissionais.
2. Estrutura Física Degradada e Falhas na Infraestrutura
- Goteiras e infiltrações foram descobertas em diversas áreas da unidade. Um dos exemplos mais graves foi a sala vermelha, onde os leitos foram interditados devido às goteiras sem ar-condicionado e à falta de camas adequadas.
- Em áreas como a segurança médica da UTI, foram identificadas rachaduras do chão ao teto, comprometendo a segurança estrutural da unidade e colocando em risco a integridade dos pacientes e profissionais de saúde.
- Na sala de espera e áreas comuns, os fiscais também sofreram danos na rede elétrica e no mobiliário, que apresentavam sinais de desgaste e danos.
3. Falta de Equipamentos e Medicamentos Essenciais
- O equipamento de tomografia, essencial para diagnosticar casos pós-traumáticos e outros quadros graves, estava quebrado, o que dificultava a avaliação precisa e rápida dos pacientes em estado crítico.
- Profissionais da unidade relatando a falta de medicamentos essenciais para o tratamento contínuo de pacientes internados. A interrupção de tratamentos devido à falta de recursos farmacológicos foi apontada como um fator agravante para os pacientes em estado delicado.
4. Problemas na UTI e Falta de Leitos
- Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), dois leitos foram interditados devido a problemas estruturais e logísticos: um por goteiras sem ar-condicionado e outro pela falta de camas adequadas para atender pacientes graves.
- A situação foi ainda mais preocupante com o caso de um paciente internado com suspeita de hemorragia intracraniana, que não recebeu a atenção necessária devido à escassez de médicos e à interdição de leitos.
5. Goteiras e Danos em Leitos de Pacientes Pediátricos
- Na ala pediátrica, dos 10 leitos disponíveis, 6 estavam inutilizados, sendo afetados por goteiras ou falta de colchões, o que comprometeu o atendimento a crianças em emergência.
- Profissionais de destaque da saúde, falam sobre a falta de manutenção adequada nos leitos, que foram danificados por falhas estruturais recorrentes.
Resposta da Direção do Pronto-Socorro e Medidas Propostas
Em resposta à fiscalização, a direção do Pronto-Socorro de Várzea Grande confirmou os problemas e atribuiu a situação crítica às demissões recentes que afetaram a escala de trabalho da unidade. A falta de profissionais e a dificuldade para completar a escala de médicos foram apresentadas como as principais causas da superlotação e da falta de atendimento adequado.
A administração informou que está tomando medidas para preencher as vagas e melhorar as condições de trabalho, mas não especificou um cronograma para resolução completa dos problemas identificados pelo CRM-MT.
Medidas Legais e Ações do CRM-MT
O CRM-MT afirmou que tomará ações legais cabíveis para responsabilizar os gestores da unidade pela falta de infraestrutura e pelo impacto negativo no atendimento à população. O Conselho afirmou que está monitorando a situação e instruções por medidas imediatas.
Impacto na Saúde Pública e Perspectivas de Melhoria
A situação no Pronto-Socorro de Várzea Grande reflete um descaso preocupante com a saúde pública na região metropolitana de Cuiabá, e destaca a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura hospitalar, contratação de profissionais e distribuição adequada de medicamentos.
A população que depende dos serviços de emergência está enfrentando sérias dificuldades, e a falta de condições mínimas de atendimento coloca em risco a vida de quem busca socorro na unidade.
Urgência na Reestruturação do Sistema de Saúde
A reformulação do sistema de saúde local é imprescindível. O CRM-MT e outros órgãos responsáveis pela fiscalização devem continuar a prosseguir com melhorias e garantir que as autoridades competentes tomem as ações necessárias para resolver os problemas identificados. A passagem de um atendimento digno e eficiente no Pronto-Socorro de Várzea Grande é um passo crucial para restaurar a confiança da população no sistema de saúde público da região.