A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã de terça-feira (19), a operação “Contragolpe”, que resultou na prisão de cinco indivíduos envolvidos em um esquema golpista que visava a destituição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e a manipulação do Poder Judiciário. O grupo criminoso, formado principalmente por militares de forças especiais do Exército e um policial federal, foi desmantelado em ação coordenada pela PF com o apoio do Exército Brasileiro.
A operação, que contou com o cumprimento de mandados de prisão em Goiânia e no Rio de Janeiro, tem como pano de fundo a tentativa de golpe de Estado e uma série de atos antidemocráticos que ocorreram durante o processo eleitoral de 2022, culminando com os ataques terroristas de 8 de janeiro de 2023.
Plano de Golpe: “Punhal Verde e Amarelo” e Alvos Principais
O plano, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, era um detalhado conjunto de ações voltadas para desestabilizar o governo eleito e restringir o funcionamento das instituições democráticas. Segundo a PF, o golpe de Estado seria executado em 15 de dezembro de 2022, e visava a execução de figuras-chave da política brasileira, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O ministro Moraes, que era alvo central do plano, foi identificado como a principal figura a ser monitorada para possíveis ações de prisão e execução caso o golpe fosse consumado. A investigação revelou que o grupo vinha planejando uma série de ataques violentos e ações de repressão contra os membros do governo eleito e a democracia como um todo.
Quem São os Envolvidos nas Prisões?
A operação resultou em cinco prisões, sendo quatro militares do Exército, conhecidos como “kids pretos”, e um policial federal. Os militares envolvidos são:
- Mario Fernandes (general de brigada, na reserva)
- Helio Ferreira Lima (tenente-coronel)
- Rodrigo Bezerra Azevedo (major)
- Rafael Martins de Oliveira (major)
Além dos militares, também foi preso o policial federal Wladimir Matos Soares, que, de acordo com as investigações, teve envolvimento direto com a organização criminosa.
Ligação com a Presidência da República e o Exército Brasileiro
Uma das figuras-chave entre os presos foi um dos militares, que até 2022 atuava como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República. Este militar também teve passagem como assessor parlamentar do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Sua conexão com o governo e sua ascensão dentro da estrutura política e militar foram fatores cruciais para a execução do golpe.
O Que São “Kids Pretos”?
O termo “kids pretos” refere-se a uma facção dentro do Exército Brasileiro, composta por militares especializados, geralmente com uma carreira marcada por ações nas forças especiais. Eles são vistos como altamente treinados e preparados para ações de combate, sendo usados em missões de grande risco e impacto, como as planejadas pelo grupo golpista.
Como a PF Chegou aos Suspeitos?
A Polícia Federal conseguiu identificar e prender os envolvidos após uma análise minuciosa de dados eletrônicos de militares já investigados em relação aos atos antidemocráticos. Parte dos indícios foi recuperada de aparelhos de celular de outros militares, como o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, coronel Mauro Cid, cujos dados haviam sido deletados, mas foram restaurados pela PF.
Além disso, outros dados recuperados de materiais perdidos e comunicações entre os envolvidos foram fundamentais para dar início à operação. A análise dessas informações revelou um esquema bem articulado de espionagem e preparação de ataques, incluindo a execução do plano de golpe em 2022.
Impacto do Golpe e Seus Objetivos:
O golpe planejado visava impedir a posse de Lula como presidente e restringir a atuação do Poder Judiciário. O grupo também articulava a prisão e execução de membros do Supremo Tribunal Federal, com foco em Alexandre de Moraes, figura que já estava sendo monitorada há meses.
A Conexão com os Atos de 8 de Janeiro de 2023
Os atos golpistas planejados por este grupo estão intimamente ligados aos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram as sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF. A operação da PF é uma resposta direta a essa tentativa de subverter a ordem democrática, reavaliando as conexões entre os conspiradores e outros movimentos golpistas que ameaçam a estabilidade política do Brasil.
Próximos Passos da Investigação:
O inquérito sobre os atos golpistas de 2022 e 2023 deve ser concluído nas próximas semanas, com a expectativa de novas prisões e desmantelamento de outras células ligadas ao movimento. A investigação continua a busca por mais evidências e possíveis cúmplices que ajudaram na organização dos ataques.
Reações e Apoio do Exército Brasileiro
O Exército Brasileiro acompanhou a operação e, em nota, confirmou o cumprimento dos mandados de prisão em Goiânia e Rio de Janeiro. A instituição também anunciou que está prestando apoio às investigações e colaborando com a PF para elucidar todos os detalhes do plano de golpe.
Análise de Dados e Recuperação de Material
O trabalho da PF foi facilitado pela recuperação de dados de aparelhos de celular e material digital deletado anteriormente, que foi restaurado pela equipe de investigação. Esses dados contêm conversas e outros indícios importantes sobre a preparação do golpe.
O Que Esperar:
A operação “Contragolpe” é um marco no combate ao movimento golpista no Brasil. A prisão dos membros dessa organização criminosa e o desmantelamento de seu plano é uma vitória para a democracia e para a justiça. A Polícia Federal continuará a investigação e tem a expectativa de que o inquérito seja concluído com novas informações que levem à responsabilização de todos os envolvidos.
Resumo:
- Operação: Contragolpe, realizada em 19/11/2024.
- Prisões: 5 indivíduos, incluindo 4 militares do Exército e 1 policial federal.
- Objetivo do Golpe: Impedir a posse de Lula e prender ministros do STF, com foco em Alexandre de Moraes.
- Conexões: Membros do governo Bolsonaro e militares do Exército envolvidos.
- Próximos Passos: Conclusão do inquérito e novas investigações.