Em uma ocasião especial que marcou os 35 anos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – Gilmar Mendes, Flávio Dino e Alexandre de Moraes – participaram de um seminário repleto de discussão sobre temas essenciais para o futuro do Brasil. Entre os tópicos envolvidos foram a intimidação ao STF, a regulamentação das redes sociais e a denúncia sobre a venda de sentenças envolvendo desembargadores de Mato Grosso. A sessão teve como pano de fundo a recente celebração da promulgação da constituição estadual, ocorrida em 5 de outubro de 1989.
1. Intimidação ao STF: A Vulnerabilidade do Supremo em Tempos de Crise
O seminário começou com uma reflexão incisiva do ministro Gilmar Mendes, que abordou o atentado ocorrido em 13 de novembro de 2024, em Brasília, com duas explosões nas imediações do Supremo Tribunal Federal (STF). Para Mendes, o incidente é um reflexo da vulnerabilidade dos sistemas de segurança no Brasil, especialmente em tempos de crise política e polarização social. Ele destacou a necessidade de uma cultura de segurança mais robusta e cautelosa no país, que ainda não se consolidou de forma eficaz.
“Infelizmente ou felizmente, não temos uma cultura rigorosa de segurança. Adotamos determinadas práticas e depois as dispensamos, até em nome da liberdade. Este não é um problema exclusivamente brasileiro, é mundial”, afirmou Mendes, indicando que o problema é global, e que é necessária uma compensação sobre as práticas de segurança, que devem ser mais consistentes.
2. O Impacto da Violência nas Redes Sociais: Flávio Dino Relaciona Violência Política e Virtual
O ministro Flávio Dino, por sua vez, fez uma conexão profunda entre a violência física e a violência crescente nas redes sociais. Ele alertou sobre como a agressão e os ataques virtuais estão diretamente ligados à desintegração dos laços interpessoais e à quebra da cultura da paz, essencial para uma sociedade estável e democrática.
“O que vemos é um ciclo de violência que se retroalimenta: a violência nas redes sociais, a violência política e a agressão física. Isso contribui para o rompimento dos laços de fraternidade e respeito que são necessários para uma sociedade sem violência. A cultura da paz está sendo quebrada”, afirmou Flávio Dino. A sua fala foi uma crítica a como o discurso de ódio nas plataformas digitais reflete e amplia a polarização no país.
3. Regulamentação das Redes Sociais: Alexandre de Moraes Defende Educação Digital e Controle das Big Techs
Alexandre de Moraes fez um forte apelo pela educação digital, apontando a importância de conscientizar as novas gerações sobre o comportamento nas redes sociais e o papel das big techs na promoção de conteúdos agressivos ou falsos. Para o ministro, as redes sociais não podem continuar sendo vistas como “territórios sem lei”. Ele ressaltou que é essencial que o que é inaceitável na vida real também seja penalizado no ambiente virtual.
“Precisamos educar as novas gerações para que percebam que as redes sociais não são territórios livre para espalhar desinformação ou realizar ataques. O que não pode ser feito na vida real, não deve ser tolerado nas redes sociais”, afirmou Moraes, ressaltando a necessidade de uma regulação mais eficaz para garantir o equilíbrio entre liberdade de expressão e responsabilidade digital.
4. Venda de Sentenças no Judiciário: Gilmar Mendes Aborda o Caso dos Desembargadores de Mato Grosso
Outro tema polêmico discutido foi a denúncia sobre a venda de sentenças envolvendo desembargadores do estado de Mato Grosso. Gilmar Mendes, ao ser questionado sobre o caso, esclareceu que o processo está sob investigação do ministro Cristiano Zanin e afirmou que o Judiciário está empenhado em esclarecer rapidamente as questões envolvidas. Mendes pediu cautela quanto à divulgação de detalhes, buscando garantir que o processo seja tratado com seriedade e transparência.
“Estamos acompanhando de perto esse caso. O Judiciário está empenhado em claro o ocorrido o mais rápido possível e com total transparência. Contudo, é necessária cautela em relação à divulgação para não prejudicar o andamento das investigações”, explicou Mendes.
5. Reflexões sobre a Constituição Estadual de Mato Grosso: O Fortalecimento dos Direitos Fundamentais e da Democracia
O evento também foi uma oportunidade única para refletir sobre os avanços e desafios da Constituição Estadual de Mato Grosso, que completou 35 anos de promulgação em 2024. O seminário teve como um de seus principais objetivos discutir como a Constituição de Mato Grosso tem evoluído ao longo dos anos e como o estado pode continuar fortalecendo os direitos fundamentais e o estado democrático de direito.
Na condução dos debates, o presidente da ALMT, deputado Eduardo Botelho, e o deputado constituinte estadual José Lacerda, destacaram a importância do fortalecimento das instituições democráticas, do acesso à justiça e da proteção dos direitos humanos como pilares da Constituição Estadual. O evento serviu como um fórum de troca de ideias para garantir que o estado continuasse a ser um exemplo de governança democrática e de respeito aos direitos dos cidadãos.
6. Público-alvo e Impacto do Seminário: Uma Oportunidade de Integração entre Direito e Política
Com a participação de parlamentares, magistrados, promotores de justiça, defensores públicos, advogados, estudantes e cidadãos interessados no futuro do direito constitucional, o seminário foi uma oportunidade de integrar os diferentes atores do sistema jurídico e político. Ao longo do evento, foram discutidas as perspectivas de aprimoramento do Judiciário, a orientação de novas tecnologias e os desafios da democracia no Brasil.
O objetivo público foi composto não apenas por profissionais da área jurídica, mas também por cidadãos engajados em fortalecer a democracia e garantir a justiça social no estado e no país. As discussões foram profundas, com debates sobre como melhorar o acesso à justiça, garantir os direitos fundamentais e promover a educação cívica e digital entre as gerações futuras.
Desafios do Sistema Judicial Brasileiro e as Perspectivas para o Futuro
Em seu conjunto, o seminário na ALMT não foi apenas uma celebração dos 35 anos da constituição estadual, mas também um marco de reflexão sobre os desafios enfrentados pelo sistema judicial brasileiro, especialmente no que diz respeito à violência digital, corrupção e ameaças à liberdade de liberdade expressão. Os ministros do STF, com suas falas contundentes, deixaram claro que o país precisa se adaptar a um novo cenário político e digital, onde responsabilidade, educação e transparência sejam as palavras-chave para garantir um futuro mais seguro e democrático para todos.