Operação Cattus: Um Esquema Organizado de Fraude de Energia Elétrica em Rondonópolis
Na segunda-feira (11), a Polícia Civil de Mato Grosso indiciou 10 pessoas envolvidas em um esquema criminoso de fraude de energia elétrica em Rondonópolis, cidade localizada a 218 km de Cuiabá. As investigações realizadas pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (DERF) revelaram que os indiciados serão responsabilizados por estelionato, receptação, furto e associação criminosa. Este desmantelamento foi possível graças à Operação Cattus, deflagrada pela polícia em 2022.
Como o Esquema de Fraude Operava: Métodos e Participantes
O esquema criminoso era sofisticado e envolvia a adulteração de medidores de energia elétrica para furtar eletricidade e beneficiar empresas e residências. A fraude se expandiu por Rondonópolis, afetando tanto pequenos estabelecimentos comerciais como empresas maiores, e resultando em perdas financeiras consideráveis para a concessionária de energia Energisa. A seguir, explicamos como os envolvidos operavam a fraude:
Participantes Chave no Esquema
- Empresas envolvidas: A fraude não se limitava a residências. Entre os principais beneficiados estavam empresas como uma rede de lojas de produção e venda de salgados, que manipulava os medidores com o auxílio de equipamentos fornecidos pela quadrilha.
- Funcionários da Energisa: Um dos investigados, funcionário terceirizado da Energisa, colaborava com a fraude ao fornecer materiais como lacres de segurança, uniformes e até medidores adulterados.
- Prestadores de serviços elétricos: Os sócios de uma empresa de serviços elétricos local estavam diretamente envolvidos na adulteração dos medidores de energia elétrica, utilizando um software ilegal e equipamentos especializados para manipular os dispositivos.
Métodos Usados para Fraudar os Medidores de Energia
O esquema se baseava em dois métodos principais para manipular os medidores e furtar a energia:
- Desligamento controlado dos medidores: Utilizando um equipamento eletrônico, os criminosos conseguiam desabilitar os medidores de energia, evitando que o consumo fosse registrado corretamente.
- Troca fraudulenta de medidores: Outra técnica envolvia solicitar trocas de medidores com a Energisa usando documentos falsificados. Os criminosos instruíam os clientes a ligar para a concessionária e solicitar a troca do medidor aleatório, e, posteriormente, manipulavam os dispositivos para que os consumidores não pagassem pelo consumo real de energia.
O Prejuízo Econômico: Impacto nas Finanças da Energisa e da Sociedade
A fraude causou enormes prejuízos, tanto para a concessionária Energisa quanto para os consumidores honestos. De acordo com a investigação, a Energisa enfrentou perdas significativas devido a fraudes de medidores:
- Perda de 728 mil gigawatts: Em 2023, a empresa registrou uma perda de 728 mil gigawatts de energia, equivalente a aproximadamente 14% de perdas não técnicas em Mato Grosso.
- Prejuízo estimado de R$ 116,8 mil: A fraude nas unidades de uma rede de lojas de salgados causou um prejuízo imediato de R$ 116,8 mil em 2021, quando a Energisa detectou a adulteração dos medidores.
- Aumento no número de prisões: Até o final de 2024, a operação resultou na prisão de 44 pessoas envolvidas diretamente com furtos de energia.
Como a Energisa Está Combatendo as Fraudes de Energia Elétrica
A Energisa tem intensificado o combate às fraudes de energia elétrica com o auxílio de seu Centro de Inteligência, que identifica e desmantela redes criminosas que agem em todo o estado. Luciano Lima, gerente de combate a perdas da Energisa, afirmou que a empresa está adotando medidas rigorosas para identificar e responsabilizar todos os envolvidos nos esquemas fraudulentos, desde os fornecedores de equipamentos até os consumidores finais.
- Monitoramento contínuo: A concessionária realiza inspeções frequentes e adota tecnologias de ponta para identificar anomalias no consumo de energia, como as detecções feitas nas unidades das lojas de salgados.
- Integração com a Polícia Civil: A parceria com a Polícia Civil tem sido essencial no processo de investigação e desmantelamento das quadrilhas de fraude, resultando em várias prisões e apreensões de materiais usados para adulterar os medidores.
Beneficiários da Fraude: Além das Lojas de Salgados
A investigação revelou que além da rede de lojas de salgados, outros estabelecimentos comerciais também se beneficiaram da fraude. Um exemplo significativo é um lava-jato que também utilizava os medidores adulterados para reduzir custos de energia elétrica.
O Caso do Lava-Jato
Em fevereiro de 2022, dois dos investigados discutiram como realizar a adulteração de medidores em um lava-jato. O estabelecimento foi indicado por uma pessoa que já havia se beneficiado do esquema, e a fraude foi facilitada através do uso de um bastão magnético, um dispositivo que alterava o campo magnético do medidor, desligando-o para evitar o registro do consumo.
Estrutura da Organização Criminosa: De Recrutadores a Técnicos de Fraude
O esquema envolvia uma rede complexa de criminosos, com funções divididas para garantir o sucesso da fraude:
- Recrutadores de clientes: Alguns dos indiciados eram encarregados de recrutar empresas e residências para a fraude, oferecendo os serviços fraudulentos e orientando como realizar o pedido de troca de medidores.
- Técnicos especializados: Outros membros da quadrilha eram responsáveis pela instalação dos equipamentos fraudulentos e pela adulteração dos medidores nos locais dos clientes.
- Colaboradores da concessionária: Funcionários terceirizados da Energisa colaboravam diretamente com os criminosos, fornecendo equipamentos, lacres e materiais, além de simular fiscalizações para garantir que os clientes não fossem autuados.
Ações Legais e Prisões: O Combate ao Crime Organizado
A Operação Cattus resultou na prisão de 4 pessoas e no cumprimento de mandados de busca e apreensão em Rondonópolis, a partir de uma denúncia feita pela própria Energisa. O desmantelamento desse esquema é um exemplo claro da ação conjunta entre as autoridades e as concessionárias de energia para coibir práticas ilícitas no setor energético de Mato Grosso.
Prisão de Responsáveis pela Operação
A operação foi um marco na luta contra a fraude de energia elétrica, resultando na prisão de 10 pessoas diretamente envolvidas, incluindo os donos da rede de lojas de salgados e outros comerciantes. A investigação está em andamento e novos indiciados podem ser identificados.
Impacto e Riscos das Fraudes de Energia
As fraudes de energia elétrica não são apenas uma violação do sistema de distribuição, mas afetam diretamente os consumidores que pagam suas contas regularmente. Esquemas como o de Rondonópolis geram prejuízos financeiros, aumentam o custo da energia e incentivam práticas ilícitas. A Energisa e as autoridades policiais continuam a combater esses crimes para proteger o sistema e garantir que todos os consumidores paguem apenas pelo que consomem.