O julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, dos confessos assassinos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, foi retomado nesta quinta-feira, 31 de outubro de 2024, no 4º Tribunal do Júri da Justiça do Rio de Janeiro. O caso, que completou mais de seis anos desde o atentado em 14 de março de 2018, está entre os mais emblemáticos da história recente do Brasil.
Resumo do Julgamento
- Data de Retomada: 31 de outubro de 2024, às 8h.
- Local: 4º Tribunal do Júri, Justiça do Rio de Janeiro.
- Expectativa: A sentença deve ser anunciada ainda nesta quinta-feira.
- Duração do Primeiro Dia: Quase 14 horas de depoimentos e interrogatórios na quarta-feira (30).
- Suspensão: A juíza Lúcia Glioche suspendeu os trabalhos por volta da meia-noite, convocando todos para o início da sessão na manhã seguinte.
Depoimentos e Testemunhas
Durante o primeiro dia de julgamento, foram ouvidas diversas testemunhas, incluindo familiares e amigos das vítimas, além dos réus. Abaixo os principais depoimentos:
- Fernanda Chaves: Assessora de Marielle e sobrevivente do atentado. Relatou a experiência traumática do ataque e os efeitos duradouros em sua vida e na de sua família.
- Experiência do Ataque: Descreveu a cena do crime, mencionando o pânico e a dor sentida ao perceber que Marielle estava ferida.
- Impacto na Vida: Relacionado à necessidade de deixar o país por questões de segurança.
- Marinete Silva: Mãe de Marielle, falou sobre sua filha, sua hesitação em apoiá-la na candidatura e a imensurável falta que sente.
- História Familiar: Compartilhou momentos da infância de Marielle e a transformação dela em uma figura política de destaque.
- Mônica Benício: Viúva de Marielle, expressou seu amor e dor pela perda, lembrando do último momento juntas.
- Causas Defendidas por Marielle: Mencionou o trabalho de Marielle em questões urbanas e sociais, possivelmente relacionadas ao motivo do assassinato.
- Ágatha Arnaus: Viúva de Anderson, exercendo sua luta após a morte do marido, focando no impacto psicológico na vida do filho.
- Desafios do Luto: Relatou como teve que lidar com a dor e as responsabilidades de ser mãe sozinha.
- Carlos Alberto Paúra Júnior: Investigador que falou sobre a investigação do veículo usado no crime e a identificação das placas clonadas.
- Luismar Cortelettili: Agente da Polícia Civil que detalhou a presença de Élcio na região da casa de Ronnie no dia do crime.
- Carolina Rodrigues Linhares: Perita criminal que explicou a análise dos estojos de projetos e a ligação da arma ao crime.
- Guilhermo Catramby: Delegado da Polícia Federal, comentou sobre as dificuldades da investigação e as colaborações dos réus.
- Marcelo Pasqualetti: Policial federal que discutiu a busca pela arma utilizada no crime e nos desafios encontrados.
Testemunhos dos Réus
- Ronnie Lessa: Detalhou como cometeu o crime e identificou Marielle como um obstáculo para os mandantes do assassinato. Pediu desculpas às famílias das vítimas, o que gerou reações emocionais entre os presentes.
- Élcio Queiroz: Afirmou que não conhecia Marielle antes do crime e que não tinha ciência de sua participação no plano até o momento do assassinato. Sua argumentação defende que ele não sabia da intenção homicida de Lessa.
Acusações e Possíveis Consequências
- Crimes Imputados: Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são acusados de duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e receptação. A pena máxima para cada um pode chegar aos 84 anos.
- Júri: A decisão será tomada por um júri composto por sete homens, selecionados de um grupo de 21 jurados.
- Processo Paralelo: Um caso separado no Supremo Tribunal Federal (STF) investiga os supostos mandantes do crime, incluindo os irmãos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, que estão sendo analisados sob a perspectiva do foro privilegiado.
Contexto do Caso
- Data do Crime: 14 de março de 2018, Marielle e Anderson foram assassinados a tiros no Rio de Janeiro, em um caso que mobilizou a sociedade civil e gerou intensos debates sobre a violência política e a segurança no Brasil.
- Legado de Marielle: Marielle Franco tornou-se um símbolo de resistência contra a violência, racismo e desigualdade, e seu assassinato desencadeou manifestações em todo o país.
O julgamento de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz é um momento crucial para a justiça no Brasil, e a expectativa é de que a sociedade acompanhe de perto as decisões do tribunal e o desenvolvimento de um caso que ainda ecoa fortemente no debate público sobre direitos humanos e justiça social.