Jucelia dos Santos da Silva, 35 anos, foi brutalmente assassinada por seu companheiro, Magecson dos Anjos Matias, 40, a facadas. O crime ocorreu no último domingo (27/10) na Chácara 101 do Sol Nascente, fazendo dela a 18ª vítima de feminicídio no Distrito Federal em 2024. Após o assassinato, o suspeito foi espancado por moradores, revoltados com a violência do ato. Nesta segunda-feira (28/10), a sensação de medo e angústia pairava sobre a comunidade.
Clima de Medo na Comunidade
Moradores da região entraram em choque e hesitaram em compartilhar detalhes sobre o que presenciaram. Um vizinho comentou que ao voltar para casa, se deparou com diversas viaturas da polícia e pessoas comentando sobre o crime. “Foi muita covardia. Ele matou a mulher com várias facadas. Estamos todos apavorados”, declarou.
Outra moradora ressaltou que a situação evidenciava um clima de insegurança crescente, principalmente entre as mulheres da localidade: “Foi muito abrupto e violento. Muitas mulheres disseram: ‘podia ter sido eu'”.
Investigação e Contexto
Segundo a polícia, Jucelia e Magecson se mudaram da Bahia para o DF há cerca de 15 dias, buscando melhores condições de vida. A irmã do autor, que pediu anonimamente, relatou que o relacionamento era marcado por ciúmes doentios, com brigas constantes. Após o crime, Magecson sofreu traumatismo craniano durante o espancamento pelos moradores e foi levado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) em estado grave. A Justiça decretou sua prisão preventiva.
Ações da Secretaria da Mulher
A secretária da Mulher, Giselle Ferreira, enfatizou a importância da denúncia e a necessidade de uma mudança cultural em relação à violência doméstica. “O feminicídio não escolhe classe social. Precisamos de uma nova sociedade e de um novo pensamento”, afirmou. A Casa da Mulher Brasileira, a ser inaugurada em dezembro, abrigará projetos de capacitação profissional e cursos técnicos para mulheres.
A secretaria realiza campanhas anuais, como o Agosto Lilás, para promover a conscientização sobre a violência doméstica e como formas de buscar ajuda. Também foram abertas Casas Abrigos para acolher mulheres em situação de risco.
Medidas de Segurança e Conscientização
A Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP/DF) intensificou ações para proteger as mulheres, resultando em uma redução de 42,8% nos feminicídios entre janeiro e setembro de 2024 em comparação com o ano anterior. Os programas “Mulher Mais Segura” e “Viva Flor” são algumas das iniciativas para incentivos a cancelamentos e fornecimento de proteção às vítimas.
O Papel da Sociedade
Victor Quintiere, professor de Direito Penal, destaca que o combate ao feminicídio deve incluir não apenas a repressão, mas também a capacitação de profissionais, o amparo aos sobreviventes e a educação da população. A mídia também desempenha um papel crucial em como a violência é abordada e noticiada, evitando a culpabilização das vítimas.
Onde Pedir Ajuda
- 190: Polícia Militar do DF (PMDF) – Serviço disponível 24h.
- 197: Polícia Civil do DF (PCDF) – Denúncias.
- 180: Central de Atendimento à Mulher – Denúncias anônimas.
- Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deam) – Funcionamento 24h, com unidades em diversas regiões do DF.
O feminicídio continua a ser um grave problema social, e é fundamental que a sociedade, as autoridades e os meios de comunicação unam esforços para combatê-lo, promovendo a educação e o respeito à vida.