O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, expressou preocupações sobre a inflação desancorada e reafirmou a seriedade da instituição em relação à meta de inflação durante uma recente entrevista em Washington.
1. Desancoragem das Expectativas de Inflação
- Em entrevista à CNBC, Campos Neto destacou a importância de abordar a desancoragem das expectativas de inflação no Brasil.
- Ele afirmou que é essencial comunicar ao público a determinação do Banco Central em atingir a meta de inflação, lembrando a “grande memória de inflação” que o Brasil possui.
2. Cenário Atual e Comparação Internacional
- Campos Neto explicou que o Brasil está em um ciclo econômico distinto, sendo o primeiro a elevar as taxas de juros e agora o primeiro a considerar cortes.
- Ele elogiou a resiliência da economia brasileira, mencionando um mercado de trabalho apertado e um hiato do produto positivo.
3. Projeções de Inflação
- O centro da meta de inflação do Banco Central é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
- As projeções de inflação mais recentes, segundo o relatório Focus, indicam uma expectativa de 4,50% para 2024 (no teto da meta) e 3,99% para 2025.
4. Importância de um Choque Fiscal Positivo
- Campos Neto ressaltou a necessidade de um choque fiscal positivo para que o Brasil possa conviver estruturalmente com taxas de juros mais baixas.
- Ele teria que imaginar uma redução significativa nas taxas de juros sem a capacidade de gerar esse choque positivo.
5. Críticas e Autonomia do Banco Central
- Respondendo às críticas sobre a sua autorização, Campos Neto reiterou que o Banco Central elevou as taxas de juros durante a campanha eleitoral de 2022, sob a presidência de Jair Bolsonaro, que o indicou ao cargo.
- Ele explicou que sua proximidade com o governo anterior tinha como objetivo a aprovação da autonomia operacional do BC.
6. Cenário Internacional e Implicações para o Brasil
- Campos Neto comentou sobre a expectativa de um “pouso suave” da economia americana, que terá impacto global.
- Ele observou que, independentemente do vencedor nas próximas eleições nos Estados Unidos, as políticas inflacionárias afetarão provavelmente os níveis de juros no país, o que, por sua vez, influenciará as economias emergentes, incluindo o Brasil.
- A diminuição do crescimento econômico da China, devido às barreiras comerciais globais, também foi mencionada como uma possível implicação para a economia brasileira.
Roberto Campos Neto se mostrou atento à situação inflacionária e ao ambiente econômico global, reforçando a necessidade de políticas fiscais robustas e a importância de manter as expectativas de inflação ancoradas. O comprometimento do Banco Central com a meta de 3% é um passo crucial para garantir a estabilidade econômica e a confiança do mercado.