“Não queremos sair porque o Líbano é a nossa casa. Sair é a nossa última opção, pois tudo está aqui”, afirmou Hanan Hallak, de 18 anos, residente em Karaoun, no Vale do Bekaa, onde vive com a mãe e a irmã desde 2019. Apesar dos bombardeios em cidades vizinhas, a família decide ficar, acreditando que sua vila está a salvo.
Hanan, que nasceu em Cuiabá, destaca a ligação profunda que têm com a terra. Elas ouviram os estrondos das explosões e sentiram a pressão dos ataques, mas ainda assim se sentem seguras em Karaoun. “Escutamos o barulho dos bombardeios e vemos a fumaça. Chegamos até a sentir a pressão das explosões”, relatou.
A decisão de permanecer no Líbano é uma forma de resistência à guerra e aos ataques psicológicos sofridos pela população civil. Hanan e sua família, que possuem dupla cidadania, ponderam deixar o país apenas se a situação piorar. No entanto, a conexão com suas raízes e a história da terra onde vivem a impedem de tomar essa decisão.
A crescente violência na região tem levado o governo brasileiro a organizar repatriações. No último voo da Força Aérea Brasileira (FAB), cerca de 3 mil brasileiros expressaram o desejo de retornar. Os bombardeios israelenses têm como alvo o Hezbollah, e civis, incluindo dois cidadãos brasileiros, já perderam a vida desde o início da escalada de conflitos. A tensão entre Israel e Hezbollah tem raízes profundas, com confrontos recorrentes e uma história marcada por violência e resistência.
Para Hanan e sua família, o Líbano é mais do que um lar; é um símbolo de identidade e resistência em tempos difíceis. Elas preferem enfrentar a insegurança a deixar tudo para trás, esperando que Karaoun continue a ser um refúgio seguro.